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Luter De Oliveira Araujo x Armontal Dutos E Mont De Tubulacoes Ind S/C Ltda - Me e outros

ID: 324655196

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: AGRAVO DE PETIçãO Nº Processo: 1002221-77.2017.5.02.0707

Data de Disponibilização: 14/07/2025

Polo Ativo:

LUTER DE OLIVEIRA ARAUJO

Polo Passivo:

ARMONTAL DUTOS E MONT DE TUBULACOES IND S/C LTDA - ME JUAREZ DA PAIXAO QUEIROZ MARIA DO ROSARIO DE CAMPOS QUEIROZ

Notificação

Advogados:

ROBERTO HIROMI SONODA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: DANIEL VIEIRA ZAINA SANTOS AP 1002221-77.2017.5.02.0707 AGRAVANTE: LUTER DE OLIVEIRA… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: DANIEL VIEIRA ZAINA SANTOS AP 1002221-77.2017.5.02.0707 AGRAVANTE: LUTER DE OLIVEIRA ARAUJO AGRAVADO: ARMONTAL DUTOS E MONT DE TUBULACOES IND S/C LTDA - ME E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 9b373a7, proferido nos autos. AP 1002221-77.2017.5.02.0707 - 9ª Turma Parte: Advogado(s): LUTER DE OLIVEIRA ARAUJO ROBERTO HIROMI SONODA (SP115094) Parte: ARMONTAL DUTOS E MONT DE TUBULACOES IND S/C LTDA - ME Parte: JUAREZ DA PAIXAO QUEIROZ Parte: MARIA DO ROSARIO DE CAMPOS QUEIROZ O recurso de revista do reclamante trata de expedição de ofícios visando localizar salários para pagamento do crédito exequendo. Sobre o tema, assim decidiu o Regional: "Prosseguimento da execução. Expedição de ofícios. Penhora de remuneração recebida de UBER, 99, RAPI e IFOOD O Exmo. Julgador de origem fundamentou o indeferimento: O exequente não traz aos autos qualquer indício de que os executados prestem serviços por aplicativos, sendo que o juízo não defere diligências aleatórias, sem evidências de viabilidade. O exequente insiste na expedição dos ofícios às empresas indicadas para penhora de eventual remuneração recebida pelos executados. Primeiramente, registre-se que, considerando-se que o Tribunal Pleno deste E. Regional, em sessão realizada em 02/10/2023, extinguiu sem resolução do mérito o Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas nº 1002917-27.2022.5.02.0000 (Tema 5 de IRDR), cessou a suspensão dos processos, que contém a controvérsia relativa à possibilidade de penhora de salários e benefícios previdenciários, com o prosseguimento do feito. A pretensão recursal não merece guarida. Isso porque, são impenhoráveis os salários e proventos de aposentadoria, nos termos do disposto pelo artigo 833, IV, do Código de Processo Civil. Destaco que, no que tange à exceção à impenhorabilidade de salários e proventos fixada pelo § 2º do artigo 833 do Código de Processo Civil, o legislador optou pela expressão "prestação alimentícia", que consiste em espécie do gênero "créditos de natureza alimentar". Eis o teor: "Art. 883. São impenhoráveis: ... § 2º O disposto nos incisos IV e X do "caput" não se aplica à hipótese para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º, e no art. 529, § 3º". Tanto é assim, que quando o legislador quis se referir ao crédito trabalhista, o NCPC o fez expressamente, a exemplo do § 3º do mesmo artigo 833: § 3º. Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quanto tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária. (destaquei) O intuito do legislador, ao fixar a impenhorabilidade absoluta de certos bens, é proteger o devedor e sua família, mantendo incólumes os bens estritamente necessários à sua sobrevivência. Assim, resguardou a quantia recebida no mês, a título de salário ou provento de aposentadoria, indispensável à sua manutenção e de sua família. Somente autorizou a quebra da regra de intangibilidade absoluta (§ 2º) para garantir o pagamento de pensão alimentícia, por se dirigir ao sustento de dependente do próprio obreiro/aposentado, destinando-lhe parte da renda, a fim de garantir parcela mínima para sobrevivência, sem comprometer o sustento do próprio alimentante. Neste sentido, o entendimento consubstanciado na Orientação Jurisprudencial nº 153, da SDI-II, do C. TST. Não se perde de vista que o objetivo da execução é garantir a efetividade do título judicial que reconhece crédito trabalhista, contudo, a satisfação de um credor, mesmo que o trabalhista, não pode ser levada ao extremo. Na mesma direção, cito jurisprudência do C. TST: I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS NOS 13.015/2014 E 13.105/2015 E ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI NO 13.467/2017 - PROVIMENTO. EXECUÇÃO. PENHORA DE SALÁRIO. ILEGALIDADE. ART. 833, IV, DO CPC. INCIDÊNCIA DA COMPREENSÃO DEPOSITADA NA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 153 DA SBDI-2 DO TST. Diante de potencial ofensa ao art. 7º, X, da Constituição Federal, dou provimento ao agravo de instrumento, para determinar o processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento conhecido e provido. II - RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS NOS 13.015/2014 E 13.105/2015 E ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI NO 13.467/2017. EXECUÇÃO. PENHORA DE SALÁRIO. ILEGALIDADE. ART. 833, IV, DO CPC. INCIDÊNCIA DA COMPREENSÃO DEPOSITADA NA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 153 DA SBDI-2 DO TST. 1. Nos termos do art. 833, IV, do CPC, são impenhoráveis "os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal", salvo para pagamento de prestação alimentícia (§ 2º). 2. Constatada a compatibilidade da regra processual comum com os princípios que orientam o Processo do Trabalho (tanto que editada a Orientação Jurisprudencial nº 153 da SBDI-2 do TST), impõe-se a aplicação subsidiária da norma sob foco. 3. O legislador, ao fixar a impenhorabilidade absoluta, enaltece a proteção ao ser humano, seja em atenção à sobrevivência digna e com saúde do devedor e de sua família, seja sob o foco da segurança e da liberdade no conviver social dos homens (Constituição Federal, arts. 5º, "caput", e 6º). 4. Diante do comando do inciso IV do art. 833 do CPC (inciso IV do art. 649 do CPC/73) e da inteligência da Orientação Jurisprudencial 153/SBDI-2/TST, não se autoriza a penhora de salários ou de proventos de aposentadoria. Recurso de revista conhecido e provido. (RR - 19100-65.2010.5.13.0013, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento: 18/04/2018, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 27/04/2018) RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA INCIDENTE SOBRE SALÁRIO RECEBIDO PELA IMPETRANTE. ILEGALIDADE.O artigo 833, IV, do CPC/2015 é expresso ao considerar absolutamente impenhoráveis os vencimentos, soldos, remunerações, pensões ou quantias percebidas e destinadas ao sustento do devedor e de sua família. Por sua vez, a jurisprudência desta Corte é no sentido de que é ilegal e arbitrária a ordem de penhora sobre salários, vencimentos e proventos de aposentadoria, situação na qual tem sido concedida a segurança para sustar o ato impugnado, tendo em vista a natureza alimentar de tais parcelas, indispensáveis à subsistência de quem as recebe e de sua família. Portanto, a impetrante tem, efetivamente, o direito líquido e certo de não serem penhorados os valores recebidos a título de salário creditados na sua conta bancária, mesmo em se tratando de execução trabalhista, razão pela qual deve ser reformado o acórdão recorrido que manteve o bloqueio de 30% do valor constante em sua conta, proveniente de salário, até o limite da dívida. Incidência do entendimento consubstanciado na Orientação Jurisprudencial nº 153 da SBDI-2. Recurso ordinário conhecido e provido. (RO - 20307-46.2017.5.04.0000, Relatora Ministra: Maria Helena Mallmann, Data de Julgamento: 13/06/2017, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 16/06/2017) RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ATO COATOR QUE DETERMINOU A PENHORA DE PARTE DOS PROVENTOS DO SÓCIO EXECUTADO. ILEGALIDADE. ART. 833, IV, DO CPC DE 2015. APLICAÇÃO DA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 153 DA SBDI-2. 1 - De acordo com o art. 833, IV, do CPC de 2015, são impenhoráveis, entre outros, os salários e os proventos de aposentadoria. 2 - Hipótese em que se constata ofensa a direito líquido e certo do impetrante, que teve percentual do salário bloqueado por determinação judicial, razão pela qual deve ser concedida a segurança. Incidência da Orientação Jurisprudencial 153 da SBDI-2. 3 - Precedentes. Recurso ordinário conhecido e provido. (RO - 21701-25.2016.5.04.0000, Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, Data de Julgamento: 30/05/2017, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 02/06/2017) No mesmo sentido, a Súmula 21 deste E. TRT: 21 - Mandado de Segurança. Penhora on line. (Res. nº 02/2014- DOEletrônico 17/09/2014 - Republicada DOEletrônico 02/10/2014) Considerando o disposto no art. 649, incisos IV e X do CPC, ofende direito líquido e certo a penhora sobre salários, proventos de aposentadoria, pensão e depósitos em caderneta de poupança até 40 salários mínimos. Neste cenário, não se pode, sob a justificativa de justiça a qualquer custo, mitigar a determinação do artigo 833, IV, do Código de Processo Civil, para se admitir penhora parcial daquilo que a Lei definiu como impenhorável. Bem por isso, inócua a pesquisa pretendida. Nego, pois, provimento ao agravo." No julgamento do RR-0000271-98.2017.5.12.0019, o Tribunal Superior do Trabalho fixou a seguinte tese jurídica para o Tema Repetitivo nº 75: "Na vigência do Código de Processo Civil de 2015, é válida a penhora dos rendimentos (CPC, art. 833, inciso IV) para satisfação de crédito trabalhista, desde que observado o limite máximo de 50% dos rendimentos líquidos e garantido o recebimento de, pelo menos, um salário mínimo legal pelo devedor" No julgamento do RR-0000077-17.2021.5.12.0033, o Tribunal Superior do Trabalho fixou a seguinte tese jurídica para o Tema Repetitivo nº 156: "É lícita a expedição de ofícios a órgãos e autoridades competentes, bem como a consulta a bancos de dados e sistemas eletrônicos de informação oficiais, visando à obtenção de informações sobre os rendimentos penhoráveis do executado, devendo ser observados, para a constrição, os parâmetros e limites indicados na tese vinculante do IRR Tema n° 75" Aplicam-se ao recurso de revista, no que couber, as normas do Código de Processo Civil relativas ao julgamento dos recursos extraordinário e especial repetitivos (art. 896-B da CLT). As teses firmadas em incidente de recurso repetitivo são de observância obrigatória (art. 927, III, do CPC) e devem ser aplicadas a partir da publicação da respectiva certidão de julgamento, conforme art. 896-C, § 11, da CLT e art. 1.039 do CPC e jurisprudência dos Tribunais Superiores (AI-AgR 795.968, STF, Primeira Turma, Relator Ministro Roberto Barroso, DJe 3/5/2023; AgInt nos EDcl no AREsp nº 2.262.586, STJ, Primeira Turma, Relator Ministro Benedito Gonçalves, julgamento em 18/12/2023). Pelo exposto, devolvam-se os autos à 9ª Turma para novo exame da matéria, nos termos do art. 896-C, § 11, II, da CLT e art. 1.030, II, do CPC. Após o reexame, independentemente da decisão a ser adotada pela Turma, retornem os autos para o cumprimento do disposto no art. 896, § 1º, da CLT e demais providências cabíveis. /mpaa SAO PAULO/SP, 11 de julho de 2025. WILSON FERNANDES Desembargador Vice-Presidente Judicial - em exercício SAO PAULO/SP, 12 de julho de 2025. JOSELITA CAPEL CARDOSO E SILVA Assessor Intimado(s) / Citado(s) - JUAREZ DA PAIXAO QUEIROZ

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Luter De Oliveira Araujo x Armontal Dutos E Mont De Tubulacoes Ind S/C Ltda - Me e outros

ID: 324655206

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: AGRAVO DE PETIçãO Nº Processo: 1002221-77.2017.5.02.0707

Data de Disponibilização: 14/07/2025

Polo Ativo:

LUTER DE OLIVEIRA ARAUJO

Polo Passivo:

ARMONTAL DUTOS E MONT DE TUBULACOES IND S/C LTDA - ME JUAREZ DA PAIXAO QUEIROZ MARIA DO ROSARIO DE CAMPOS QUEIROZ

Notificação

Advogados:

ROBERTO HIROMI SONODA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: DANIEL VIEIRA ZAINA SANTOS AP 1002221-77.2017.5.02.0707 AGRAVANTE: LUTER DE OLIVEIRA… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relator: DANIEL VIEIRA ZAINA SANTOS AP 1002221-77.2017.5.02.0707 AGRAVANTE: LUTER DE OLIVEIRA ARAUJO AGRAVADO: ARMONTAL DUTOS E MONT DE TUBULACOES IND S/C LTDA - ME E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID 9b373a7, proferido nos autos. AP 1002221-77.2017.5.02.0707 - 9ª Turma Parte: Advogado(s): LUTER DE OLIVEIRA ARAUJO ROBERTO HIROMI SONODA (SP115094) Parte: ARMONTAL DUTOS E MONT DE TUBULACOES IND S/C LTDA - ME Parte: JUAREZ DA PAIXAO QUEIROZ Parte: MARIA DO ROSARIO DE CAMPOS QUEIROZ O recurso de revista do reclamante trata de expedição de ofícios visando localizar salários para pagamento do crédito exequendo. Sobre o tema, assim decidiu o Regional: "Prosseguimento da execução. Expedição de ofícios. Penhora de remuneração recebida de UBER, 99, RAPI e IFOOD O Exmo. Julgador de origem fundamentou o indeferimento: O exequente não traz aos autos qualquer indício de que os executados prestem serviços por aplicativos, sendo que o juízo não defere diligências aleatórias, sem evidências de viabilidade. O exequente insiste na expedição dos ofícios às empresas indicadas para penhora de eventual remuneração recebida pelos executados. Primeiramente, registre-se que, considerando-se que o Tribunal Pleno deste E. Regional, em sessão realizada em 02/10/2023, extinguiu sem resolução do mérito o Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas nº 1002917-27.2022.5.02.0000 (Tema 5 de IRDR), cessou a suspensão dos processos, que contém a controvérsia relativa à possibilidade de penhora de salários e benefícios previdenciários, com o prosseguimento do feito. A pretensão recursal não merece guarida. Isso porque, são impenhoráveis os salários e proventos de aposentadoria, nos termos do disposto pelo artigo 833, IV, do Código de Processo Civil. Destaco que, no que tange à exceção à impenhorabilidade de salários e proventos fixada pelo § 2º do artigo 833 do Código de Processo Civil, o legislador optou pela expressão "prestação alimentícia", que consiste em espécie do gênero "créditos de natureza alimentar". Eis o teor: "Art. 883. São impenhoráveis: ... § 2º O disposto nos incisos IV e X do "caput" não se aplica à hipótese para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º, e no art. 529, § 3º". Tanto é assim, que quando o legislador quis se referir ao crédito trabalhista, o NCPC o fez expressamente, a exemplo do § 3º do mesmo artigo 833: § 3º. Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quanto tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária. (destaquei) O intuito do legislador, ao fixar a impenhorabilidade absoluta de certos bens, é proteger o devedor e sua família, mantendo incólumes os bens estritamente necessários à sua sobrevivência. Assim, resguardou a quantia recebida no mês, a título de salário ou provento de aposentadoria, indispensável à sua manutenção e de sua família. Somente autorizou a quebra da regra de intangibilidade absoluta (§ 2º) para garantir o pagamento de pensão alimentícia, por se dirigir ao sustento de dependente do próprio obreiro/aposentado, destinando-lhe parte da renda, a fim de garantir parcela mínima para sobrevivência, sem comprometer o sustento do próprio alimentante. Neste sentido, o entendimento consubstanciado na Orientação Jurisprudencial nº 153, da SDI-II, do C. TST. Não se perde de vista que o objetivo da execução é garantir a efetividade do título judicial que reconhece crédito trabalhista, contudo, a satisfação de um credor, mesmo que o trabalhista, não pode ser levada ao extremo. Na mesma direção, cito jurisprudência do C. TST: I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS NOS 13.015/2014 E 13.105/2015 E ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI NO 13.467/2017 - PROVIMENTO. EXECUÇÃO. PENHORA DE SALÁRIO. ILEGALIDADE. ART. 833, IV, DO CPC. INCIDÊNCIA DA COMPREENSÃO DEPOSITADA NA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 153 DA SBDI-2 DO TST. Diante de potencial ofensa ao art. 7º, X, da Constituição Federal, dou provimento ao agravo de instrumento, para determinar o processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento conhecido e provido. II - RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DAS LEIS NOS 13.015/2014 E 13.105/2015 E ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI NO 13.467/2017. EXECUÇÃO. PENHORA DE SALÁRIO. ILEGALIDADE. ART. 833, IV, DO CPC. INCIDÊNCIA DA COMPREENSÃO DEPOSITADA NA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 153 DA SBDI-2 DO TST. 1. Nos termos do art. 833, IV, do CPC, são impenhoráveis "os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal", salvo para pagamento de prestação alimentícia (§ 2º). 2. Constatada a compatibilidade da regra processual comum com os princípios que orientam o Processo do Trabalho (tanto que editada a Orientação Jurisprudencial nº 153 da SBDI-2 do TST), impõe-se a aplicação subsidiária da norma sob foco. 3. O legislador, ao fixar a impenhorabilidade absoluta, enaltece a proteção ao ser humano, seja em atenção à sobrevivência digna e com saúde do devedor e de sua família, seja sob o foco da segurança e da liberdade no conviver social dos homens (Constituição Federal, arts. 5º, "caput", e 6º). 4. Diante do comando do inciso IV do art. 833 do CPC (inciso IV do art. 649 do CPC/73) e da inteligência da Orientação Jurisprudencial 153/SBDI-2/TST, não se autoriza a penhora de salários ou de proventos de aposentadoria. Recurso de revista conhecido e provido. (RR - 19100-65.2010.5.13.0013, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento: 18/04/2018, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 27/04/2018) RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PENHORA INCIDENTE SOBRE SALÁRIO RECEBIDO PELA IMPETRANTE. ILEGALIDADE.O artigo 833, IV, do CPC/2015 é expresso ao considerar absolutamente impenhoráveis os vencimentos, soldos, remunerações, pensões ou quantias percebidas e destinadas ao sustento do devedor e de sua família. Por sua vez, a jurisprudência desta Corte é no sentido de que é ilegal e arbitrária a ordem de penhora sobre salários, vencimentos e proventos de aposentadoria, situação na qual tem sido concedida a segurança para sustar o ato impugnado, tendo em vista a natureza alimentar de tais parcelas, indispensáveis à subsistência de quem as recebe e de sua família. Portanto, a impetrante tem, efetivamente, o direito líquido e certo de não serem penhorados os valores recebidos a título de salário creditados na sua conta bancária, mesmo em se tratando de execução trabalhista, razão pela qual deve ser reformado o acórdão recorrido que manteve o bloqueio de 30% do valor constante em sua conta, proveniente de salário, até o limite da dívida. Incidência do entendimento consubstanciado na Orientação Jurisprudencial nº 153 da SBDI-2. Recurso ordinário conhecido e provido. (RO - 20307-46.2017.5.04.0000, Relatora Ministra: Maria Helena Mallmann, Data de Julgamento: 13/06/2017, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 16/06/2017) RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ATO COATOR QUE DETERMINOU A PENHORA DE PARTE DOS PROVENTOS DO SÓCIO EXECUTADO. ILEGALIDADE. ART. 833, IV, DO CPC DE 2015. APLICAÇÃO DA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 153 DA SBDI-2. 1 - De acordo com o art. 833, IV, do CPC de 2015, são impenhoráveis, entre outros, os salários e os proventos de aposentadoria. 2 - Hipótese em que se constata ofensa a direito líquido e certo do impetrante, que teve percentual do salário bloqueado por determinação judicial, razão pela qual deve ser concedida a segurança. Incidência da Orientação Jurisprudencial 153 da SBDI-2. 3 - Precedentes. Recurso ordinário conhecido e provido. (RO - 21701-25.2016.5.04.0000, Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, Data de Julgamento: 30/05/2017, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 02/06/2017) No mesmo sentido, a Súmula 21 deste E. TRT: 21 - Mandado de Segurança. Penhora on line. (Res. nº 02/2014- DOEletrônico 17/09/2014 - Republicada DOEletrônico 02/10/2014) Considerando o disposto no art. 649, incisos IV e X do CPC, ofende direito líquido e certo a penhora sobre salários, proventos de aposentadoria, pensão e depósitos em caderneta de poupança até 40 salários mínimos. Neste cenário, não se pode, sob a justificativa de justiça a qualquer custo, mitigar a determinação do artigo 833, IV, do Código de Processo Civil, para se admitir penhora parcial daquilo que a Lei definiu como impenhorável. Bem por isso, inócua a pesquisa pretendida. Nego, pois, provimento ao agravo." No julgamento do RR-0000271-98.2017.5.12.0019, o Tribunal Superior do Trabalho fixou a seguinte tese jurídica para o Tema Repetitivo nº 75: "Na vigência do Código de Processo Civil de 2015, é válida a penhora dos rendimentos (CPC, art. 833, inciso IV) para satisfação de crédito trabalhista, desde que observado o limite máximo de 50% dos rendimentos líquidos e garantido o recebimento de, pelo menos, um salário mínimo legal pelo devedor" No julgamento do RR-0000077-17.2021.5.12.0033, o Tribunal Superior do Trabalho fixou a seguinte tese jurídica para o Tema Repetitivo nº 156: "É lícita a expedição de ofícios a órgãos e autoridades competentes, bem como a consulta a bancos de dados e sistemas eletrônicos de informação oficiais, visando à obtenção de informações sobre os rendimentos penhoráveis do executado, devendo ser observados, para a constrição, os parâmetros e limites indicados na tese vinculante do IRR Tema n° 75" Aplicam-se ao recurso de revista, no que couber, as normas do Código de Processo Civil relativas ao julgamento dos recursos extraordinário e especial repetitivos (art. 896-B da CLT). As teses firmadas em incidente de recurso repetitivo são de observância obrigatória (art. 927, III, do CPC) e devem ser aplicadas a partir da publicação da respectiva certidão de julgamento, conforme art. 896-C, § 11, da CLT e art. 1.039 do CPC e jurisprudência dos Tribunais Superiores (AI-AgR 795.968, STF, Primeira Turma, Relator Ministro Roberto Barroso, DJe 3/5/2023; AgInt nos EDcl no AREsp nº 2.262.586, STJ, Primeira Turma, Relator Ministro Benedito Gonçalves, julgamento em 18/12/2023). Pelo exposto, devolvam-se os autos à 9ª Turma para novo exame da matéria, nos termos do art. 896-C, § 11, II, da CLT e art. 1.030, II, do CPC. Após o reexame, independentemente da decisão a ser adotada pela Turma, retornem os autos para o cumprimento do disposto no art. 896, § 1º, da CLT e demais providências cabíveis. /mpaa SAO PAULO/SP, 11 de julho de 2025. WILSON FERNANDES Desembargador Vice-Presidente Judicial - em exercício SAO PAULO/SP, 12 de julho de 2025. JOSELITA CAPEL CARDOSO E SILVA Assessor Intimado(s) / Citado(s) - MARIA DO ROSARIO DE CAMPOS QUEIROZ

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Processo nº 1002917-20.2024.8.11.0044

ID: 291644826

Tribunal: TJMT Órgão: 2ª VARA DE PARANATINGA Classe: PROCEDIMENTO COMUM CíVEL Nº Processo: 1002917-20.2024.8.11.0044

Data de Disponibilização: 06/06/2025

Polo Ativo:

ROSANA FORGIARINI

Polo Passivo:

Sentença

Advogados:

JANAIZA APARECIDA MARQUES FREITAS

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BERTOLINA ALVES DE LIMA

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ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 2ª VARA DE PARANATINGA SENTENÇA Processo: 1002917-20.2024.8.11.0044 AUTOR(A): ROSANA FORGIARINI REU: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Vistos. Trata-se… ESTADO DE MATO GROSSO PODER JUDICIÁRIO 2ª VARA DE PARANATINGA SENTENÇA Processo: 1002917-20.2024.8.11.0044 AUTOR(A): ROSANA FORGIARINI REU: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Vistos. Trata-se de AÇÃO DE NATUREZA PREVIDENCIÁRIA ajuizada por ROSANA FORGIARINI em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, visando à concessão do benefício de pensão por morte urbana, sob a alegação de que conviveu em união estável com o falecido ADILSON DE ALENCAR DIAS por mais de 10 (dez) anos, até o seu falecimento, ocorrido em 03 de julho de 2021. Sustenta a parte autora que o falecido possuía qualidade de segurado à época do óbito, tendo inclusive vínculo empregatício formal junto à empresa Nortão Transportes e Logísticas Eireli – EPP, conforme comprovado por meio de documentação acostada aos autos. Aduz, ainda, que o requerimento administrativo para concessão do benefício foi protocolado em 15/07/2021, tendo sido indeferido pelo INSS sob a justificativa de ausência da qualidade de segurado do de cujus. Contra tal indeferimento, a autora ingressou com a presente demanda, instruída com farta documentação comprobatória. Regularmente citado, o INSS apresentou contestação (ID 180980912), todavia, limitou-se a reproduzir argumentos padronizados e genéricos, desacompanhados de impugnação específica aos documentos e alegações constantes na inicial. Houve impugnação à contestação por parte da autora (ID 183172365). FUNDAMENTO e DECIDO. Inicialmente, constato que estão presentes os pressupostos de existência e validade da relação jurídica processual, bem como que estão preenchidas as condições da ação. Destaco, ainda, que nenhuma das partes apontou a existência de nulidades e também não constato a ocorrência de qualquer mácula à regularidade processual. Vale consignar, ainda, que estando o caderno processual devidamente instruído, fornecendo elementos suficientes para a convicção deste Juízo, impõe-se, desde logo, o julgamento antecipado da lide com base no artigo 355, I, do CPC. Nesse diapasão, ao Juiz, destinatário da prova, cabe deferir somente as provas necessárias ao julgamento do mérito, indeferindo as inúteis ou meramente protelatórias (art. 370 do Código de Processo Civil). Neste sentido é o posicionamento do STJ, que aduz “presentes as condições que ensejam o julgamento antecipado da causa, é dever do juiz, e não mera faculdade, assim proceder.” (REsp 2.832-RJ, STJ, 4ª. Turma). Não havendo preliminares, passo ao mérito. No mérito, o pedido inicial é procedente. Explico. A controvérsia posta em juízo restringe-se à verificação da presença dos requisitos legais à concessão da pensão por morte: a ocorrência do óbito, a qualidade de segurado do falecido à época do óbito e a condição de dependente da parte requerente, nos termos da Lei nº 8.213/91. O primeiro requisito, o falecimento de ADILSON DE ALENCAR DIAS, restou devidamente comprovado pela certidão de óbito constante no ID 175903962. A união estável entre a autora e o falecido foi judicialmente reconhecida e homologada nos autos da ação nº 1002120-49.2021.8.11.0044, conforme documento de ID 175903964, corroborada por farta documentação que inclui apólice de seguro de vida com a autora indicada como beneficiária (ID 175903963), comprovantes de endereço comum (IDs 175903968 e 175903969), notas fiscais, documentos fiscais e bancários, além de elementos laborais e previdenciários do falecido. Primeiramente, cumpre consignar que é pacífica a orientação dos Tribunais Superiores no sentido de que a lei que rege o benefício de pensão por morte é aquela vigente ao tempo do fato gerador, qual seja, o óbito do instituidor, em atendimento ao princípio tempus regit actum. Nesse sentido, tem-se o enunciado da Súmula 340 do C. Superior Tribunal de Justiça, segundo o qual, a lei aplicável à concessão da pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado. Consoante é cediço, o benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependentes do segurado que falecer aposentado ou não, a contar da data do óbito, do requerimento ou da decisão judicial no caso de morte presumida, observando as disposições do art. 74 da Lei 8.213/91. Conforme o disposto no art. 26, I, da Lei nº 8.213/1991, referido benefício independe de carência. Acerca da condição de dependência para fins previdenciários, dispõe o art. 16, da Lei 8.213/1991: Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; II - os pais; III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; § 1º. A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das classes seguintes. § 2º. O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento. § 3º. Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal. § 4º. A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada. Portanto, tenho como comprovada a qualidade de segurada da de cujus, uma vez que a responsabilidade de recolher as contribuições previdenciárias incube ao empregador conforme artigo 30, inciso I da Lei n.º 8.212/91, não podendo ser transferido o ônus ao empregado por eventual ausência de recolhimento e fiscalização. Neste diapasão, vejamos a jurisprudência: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RECOLHIMENTO. ATRIBUIÇÃO DO EMPREGADOR. QUALIDADE DE SEGURADO. COMPROVAÇÃO. 1. O recolhimento de contribuição previdenciária do segurado empregado é de responsabilidade do empregador, cabendo ao INSS a fiscalização do adequado cumprimento, nos termos do art. 30, I, da Lei 8.212/91. 2. Não há perda da qualidade de segurado quando o vínculo empregatício permanece em aberto, embora sem o recolhimento das contribuições previdenciárias devidas. Precedentes desta Corte. (TRF-4 - AC: 50120356420194049999 5012035-64.2019.4.04.9999, Relator: ELIANA PAGGIARIN MARINHO, Data de Julgamento: 06/10/2020, QUINTA TURMA). Conforme preceitua o artigo 77 da Lei da Lei 8.213/91, o direito à percepção do benefício, para o cônjuge ou companheiro, tem a seguinte duração: a) se inválido ou com deficiência, pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da deficiência, respeitados os períodos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “b” e “c”; b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado; c) transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do beneficiário na data de óbito do segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da união estável: 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade; 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade; 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade; 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade; 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade; 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade. Verifica-se, pois, que a provas suficientes da união estável entre a Autora e o de cujus, sendo a rigor a procedência do pedido de concessão da pensão por morte diante da comprovação da qualidade de companheira. Na hipótese dos autos, ficou bem delineado o preenchimento de todos os requisitos exigidos para o reconhecimento da união estável, tanto pela documentação trazida quanto pela prova oral produzida. A data de início da pensão por morte (DIB) está disciplinada no artigo 74 da Lei de Benefícios e sua contagem varia de acordo com a situação em que o requerimento se encaixa. Senão vejamos: Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) (Vide Medida Provisória nº 871, de 2019). I - do óbito, quando requerida em até 180 (cento e oitenta) dias após o óbito, para os filhos menores de 16 (dezesseis) anos, ou em até 90 (noventa) dias após o óbito, para os demais dependentes; (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019). Após o falecimento, a parte autora dirigiu-se à autarquia previdenciária e formalizou requerimento administrativo para fins de concessão da pensão por morte, o que se deu em 15 de julho de 2021, consoante comprova o documento de ID 175903976. Emerge-se, portanto, a qualidade de beneficiária da parte autora para perceber o benefício previdenciário almejado (artigo 16, inciso I, da Lei n º 8213/91). Portanto, comprovada a qualidade de segurada da parte autora, pois viviam em regime de união estável, sendo a dependência econômica da parte autora presumida, nos termos do § 4º artigo 16 da Lei n.º 8.213/91. Frisa-se, ainda, que na peça contestatória, a Autarquia requerida não logrou êxito em comprovar efetivamente a perda da qualidade de segurado do de cujus, ou a ausência da qualidade de dependente da parte autora (união estável), deixando, então, de arcar com o ônus probatório disposto no art. 373, inc. II do CPC, segundo o qual incumbe ao réu fazer prova quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Assim, estando preenchidos os pressupostos que assim autorizam, a procedência da presente demanda é medida de rigor. Diante do exposto, e por tudo mais que nos autos constam, JULGO PROCEDENTE o pedido inicial formulado por ROSANA FORGIARINI, por conseguinte, CONDENO o INSS a pagar em favor da parte autora o benefício previdenciário de PENSÃO POR MORTE, desde a data do óbito. Por conseguinte, JULGO EXTINTO O PROCESSO COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, nos termos do artigo 487, inciso I do CPC. Condeno a parte requerida ao pagamento das parcelas vencidas, devidamente corrigidas monetariamente e acrescidas de juros de mora, conforme os critérios estabelecidos no Tema 810 do STF e no Tema 905 do STJ. Condeno o requerido nos honorários advocatícios que fixo em 10% (dez por cento), sobre o valor das parcelas vencidas até a publicação da sentença (Súmula 111 STJ). Não havendo recurso voluntário, certifique-se o trânsito em julgado da sentença, arquivando-se os autos. Havendo Recurso de Apelação, intime-se a parte apelada para apresentar Contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias (1.010, §1º, CPC). Após o transcurso do prazo, com ou sem contrarrazões, remetam-se os autos ao Tribunal Regional Federal da 1º Região. Sentença não sujeita ao duplo grau de jurisdição, tendo em vista que o valor da condenação não deverá superar 1.000 (um mil) salários mínimos (art. 496, § 3º, inc. I, do CPC). PUBLIQUE-SE. INTIMEM-SE. CUMPRA-SE. Às providências. Paranatinga, data constante na certificação digital. Assinado Digitalmente LEONARDO LUCIO SANTOS Juiz de Direito Substituto

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Justino Pereira Neto x Andre Golabek Sanchez e outros

ID: 323031612

Tribunal: TST Órgão: 7ª Turma Classe: RECURSO DE REVISTA Nº Processo: 0136400-34.2004.5.02.0023

Data de Disponibilização: 11/07/2025

Polo Ativo:

JUSTINO PEREIRA NETO

Polo Passivo:

ANDRE GOLABEK SANCHEZ CARMEN ROSA ZIGLER GOLABEK GOLLABEK COMERCIAL LTDA.

Acórdão

Advogados:

REMO HIGASHI BATTAGLIA

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MAURICIO NAHAS BORGES

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JOSE OSCAR BORGES

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO 7ª TURMA Relator: ALEXANDRE DE SOUZA AGRA BELMONTE RR 0136400-34.2004.5.02.0023 RECORRENTE: JUSTINO PEREIRA NETO RECORRIDO: G… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO 7ª TURMA Relator: ALEXANDRE DE SOUZA AGRA BELMONTE RR 0136400-34.2004.5.02.0023 RECORRENTE: JUSTINO PEREIRA NETO RECORRIDO: GOLLABEK COMERCIAL LTDA. E OUTROS (2) Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho PROCESSO Nº TST-RR - 0136400-34.2004.5.02.0023 A C Ó R D Ã O 7ª Turma GMAAB/GP /dao RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. PENHORA SOBRE PERCENTUAL DE SALÁRIO OU APOSENTADORIA NA VIGÊNCIA DO CPC/15. POSSIBILIDADE. EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO AO CAGED E INSS PARA VIABILIZAÇÃO DA PENHORA. APLICAÇÃO DO TEMA 75 DA TABELA DE RECURSOS DE REVISTA REPETITIVOS. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. 1. O Tribunal Pleno desta Corte, na ocasião do julgamento do RR-271-98.2017.5.12.0019 – representativo para a reafirmação da jurisprudência em sede de incidente de recurso repetitivo (Tema 75) – firmou a tese de que “Na vigência do Código de Processo Civil de 2015, é válida a penhora dos rendimentos (CPC, art. 833, inciso IV) para satisfação de crédito trabalhista, desde que observado o limite máximo de 50% dos rendimentos líquidos e garantido o recebimento de, pelo menos, um salário mínimo legal pelo devedor” (DEJT 08/04/2025). 2. No caso, o exequente defende a possibilidade de penhora de percentual do salário e aposentadoria recebido pelos sócios executados, motivo pelo qual pugna pelo deferimento da expedição de ofício ao INSS e consulta ao CAGED, a fim de viabilizar a futura penhora. 3. O TRT entendeu “não ser possível a penhora sobre percentual de salário ou de aposentadoria” dos executados. 4. Por destoar do precedente desta Corte, de caráter vinculante, reforma-se a decisão regional para determinar o retorno dos autos ao juízo da execução, para que proceda à expedição de ofício ao INSS e ao CAGED, a fim de aferir a existência de eventual vínculo de emprego e benefícios previdenciários dos executados, ficando desde já autorizada, se for o caso, a penhora de percentual dos valores por eles percebidos, com vistas à satisfação do crédito exequendo, observado o limite previsto no art. 529, § 3º, do CPC/15, bem como a garantia de recebimento de, pelo menos, um salário mínimo legal pelos devedores. Recurso de revista conhecido por violação do art. 100, § 1º, do CPC e provido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista nº TST-RR - 0136400-34.2004.5.02.0023, em que é Recorrente JUSTINO PEREIRA NETO e são Recorridos GOLLABEK COMERCIAL LTDA, CARMEN ROSA ZIGLER GOLABEK e ANDRE GOLABEK SANCHEZ. O col. Tribunal Regional negou provimento ao agravo de petição do exequente para manter a decisão que rejeitou seu pedido de penhora sobre salário e aposentadoria recebidos pelos sócios executados (págs. 560/563). Os embargos de declaração que se seguiram foram rejeitados (págs. 580/581). Inconformado, o exequente interpõe recurso de revista (págs. 589/620) Alega que o indeferimento do requerimento para prosseguimento da execução, com pesquisa para possibilitar eventual penhora parcial de salário/aposentadoria/benefícios, trancou a execução, acabou por impor ao feito nociva morosidade e desta forma, violou de forma direta o disposto nos arts. 5º, XXXV, XXXVI, LV e LXXVIII, e 100, § 1º, da CR. Sustenta que, na vigência do novo CPC, a impenhorabilidade de vencimentos não se aplica "à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais" (art. 833, § 2º, do CPC), motivo pelo qual também entende por violado o art. 5º, XXXVI, da CR. Transcreve julgados. O recurso foi admitido por possível afronta ao art. 100, § 1º, da CR. Contrarrazões não apresentadas. Dispensada a remessa dos autos ao MPT, na forma regimental. É o relatório. V O T O 1 – CONHECIMENTO Satisfeitos os pressupostos extrínsecos de admissibilidade, prossigo no exame dos requisitos intrínsecos. 1.1.PENHORA SOBRE PERCENTUAL DE SALÁRIO OU APOSENTADORIA NA VIGÊNCIA DO CPC/15. EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO AO CAGED/INSS. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA Eis os trechos do v. acórdão regional, destacados pelo recorrente: AGRAVO DE INSTRUMENTO (...) No caso, constata-se que foram esgotados os meios ordinários de localização de bens do executado e seus sócios, com a realização das pesquisas por meio dos convênios que resultaram infrutíferos, de modo que a exequente não dispunha de outros meios para prosseguimento na satisfação do seu crédito. Portanto, o agravo de instrumento merece provimento, já que a decisão agravada acaba por impedir o prosseguimento da execução. Não pode, assim, ser caracterizada como interlocutória, uma vez que acarreta prejuízo imediato à parte exequente que busca a satisfação de seu crédito. Neste contexto, não há como se afastar o caráter terminativo da r. decisão, pelo que cabível na espécie a interposição de agravo de petição. Assim, dou provimento ao agravo de instrumento, para destrancar o conhecimento do agravo de petição. (...) ... Sem razão. O art. 833, IV, do CPC, aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho, é expresso ao considerar absolutamente impenhoráveis os proventos de aposentadoria e os salários. Eis o teor do dispositivo: (...) É certo, ainda, que o § 2.º do citado dispositivo legal, ao estabelecer que "o disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º, e no art. 529, § 3º", aponta a prestação alimentícia como única exceção à impenhorabilidade objeto dos incisos, que não se confunde com o crédito laboral. (...) Data vênia de doutrinadores que entendem que tal procedimento é aconselhável e adequado aos fins colimados pela justiça laboral, entendo não ser possível a penhora sobre percentual de salário ou de aposentadoria. (...) Desse modo, não obstante a argumentação que há plausibilidade na penhora sobre percentual do salário ou da aposentadoria, na medida em que o objetivo é a satisfação de crédito alimentar, tal circunstância não é suficiente para ratificar a pretensão. (...) Vale salientar que o IRDR nº 1002917-27.2022.5.02.0000, que havia sido admitido em 07/11/2022 para definição de tese jurídica acerca da questão: "É possível, à luz do disposto no artigo 833, § 2º, do NCPC a penhora, ainda que limitada a determinado percentual, sobre salários, proventos de aposentadoria e outras fontes de renda do devedor previstas no inciso IV, daquele mesmo preceito legal, para fins de, e, por consequência, a teor do disposto no artigo satisfação do crédito trabalhista?", foi extinto sem julgamento do mérito na sessão de 02/10/2023,com publicação do acórdão em 23/10/2023, de modo que o raciocínio aqui adotado se mantém. Desta forma, impossível a penhora requerida. Nego provimento ao agravo. (...) (...) Não obstante as argumentações do embargante, o v. acórdão não incorreu em omissão na análise das alegações da parte nem em sua fundamentação. O julgado é expresso no sentido de que são impenhoráveis os proventos de aposentadoria e os salários, conforme o disposto no artigo 833, IV do CPC. Consta ainda do v. acórdão embargado, que o fato de a dívida trabalhista possuir caráter alimentar não é suficiente para tornar admissível a penhora mesmo que parcial dos salários ou aposentadorias, uma vez que configuraria a execução de modo gravoso evitada pelo ordenamento jurídico pátrio. O fato de outros colegiados decidirem de modo diverso não vincula esta E. Turma, especialmente quando o acórdão se pronunciou sobre as alegações da parte, atendendo à exigência do artigo 93, IX, da Constituição Federal. Constam expressamente os dispositivos legais e a jurisprudência consolidada no Tribunal Superior do Trabalho que fundamentaram a decisão, especialmente a OJ nº 153 da SBDI-2 do TST, com a redação dada pela Resolução nº 220 de 2017, como argumenta a embargante. Não há omissão no julgado a ser sanada, portanto. (...) Rejeito. Inconformado, o exequente interpõe recurso de revista (págs. 589/620) Alega que o indeferimento do requerimento para prosseguimento da execução, com pesquisa para possibilitar eventual penhora parcial de salário/aposentadoria/benefícios, trancou a execução, acabou por impor ao feito nociva morosidade e desta forma, violou de forma direta o disposto nos arts. 5º, XXXV, XXXVI, LV e LXXVIII, e 100, § 1º, da CR. Sustenta que, na vigência do novo CPC, a impenhorabilidade de vencimentos não se aplica "à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais" (art. 833, § 2º, do CPC), motivo pelo qual também entende por violado o art. 5º, XXXVI, da CR. Transcreve julgados. Ao exame. O Tribunal Pleno desta Corte, na ocasião do julgamento do RR-271-98.2017.5.12.0019 – representativo para a reafirmação da jurisprudência em sede de incidente de recurso repetitivo (Tema 75) – firmou a tese de que “Na vigência do Código de Processo Civil de 2015, é válida a penhora dos rendimentos (CPC, art. 833, inciso IV) para satisfação de crédito trabalhista, desde que observado o limite máximo de 50% dos rendimentos líquidos e garantido o recebimento de, pelo menos, um salário mínimo legal pelo devedor” (DEJT 08/04/2025). No caso, o exequente defende a possibilidade de penhora de percentual do salário e aposentadoria recebido pelos sócios executados, motivo pelo qual pugna pelo deferimento da expedição de ofício ao INSS e consulta ao CAGED, a fim de viabilizar a penhora. O entendimento do TRT foi de que “não ser possível a penhora sobre percentual de salário ou de aposentadoria”, motivo pelo qual manteve a decisão que rejeitou o pedido de expedição de ofício ao INSS e consulta ao CAGED, visando a obtenção de informações sobre a existência de salários ou benefícios previdenciários em nome dos executados, para fins de futura penhora. A decisão regional destoa da jurisprudência desta Corte, de caráter vinculante, motivo pelo qual reconheço a transcendência política da causa e conheço do recurso de revista, por violação do art. 100, § 1º, da CR. 2 – MÉRITO 2.1. PENHORA SOBRE PERCENTUAL DE SALÁRIO OU APOSENTADORIA NA VIGÊNCIA DO CPC/15. POSSIBILIDADE. EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO AO CAGED/INSS PARA VIABILIZAÇÃO DA PENHORA. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA Conhecido o recurso de revista, por violação do art. 100, § 1º, da CR, dou-lhe provimento para determinar o retorno dos autos ao juízo da execução, a fim de que proceda à expedição de ofício ao INSS e ao CAGED, para verificar a existência de eventual vínculo de emprego e benefícios previdenciários dos executados, ficando desde já autorizada, se for o caso, a penhora de percentual dos valores percebidos pelos devedores, com vistas à satisfação do crédito exequendo, observado o limite previsto no art. 529, § 3º, do CPC/15, e assegurado o recebimento de, pelo menos, um salário mínimo legal pelos devedores, nos termos da fundamentação. ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista, por violação do art. 100, § 1º, da CR, e, no mérito, dar-lhe provimento para determinar o retorno dos autos ao juízo da execução, a fim de que proceda à expedição de ofício ao INSS e ao CAGED, para verificar a existência de eventual vínculo de emprego e benefícios previdenciários dos executados, ficando desde já autorizada, se for o caso, a penhora de percentual dos valores percebidos pelos devedores, com vistas à satisfação do crédito exequendo, observado o limite previsto no art. 529, § 3º, do CPC/15 e assegurado o recebimento de, pelo menos, um salário mínimo legal pelos devedores, nos termos da fundamentação. Brasília, 27 de junho de 2025. ALEXANDRE AGRA BELMONTE Ministro Relator Intimado(s) / Citado(s) - GOLLABEK COMERCIAL LTDA.

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Justino Pereira Neto x Andre Golabek Sanchez e outros

ID: 323031659

Tribunal: TST Órgão: 7ª Turma Classe: RECURSO DE REVISTA Nº Processo: 0136400-34.2004.5.02.0023

Data de Disponibilização: 11/07/2025

Polo Ativo:

JUSTINO PEREIRA NETO

Polo Passivo:

ANDRE GOLABEK SANCHEZ CARMEN ROSA ZIGLER GOLABEK GOLLABEK COMERCIAL LTDA.

Acórdão

Advogados:

REMO HIGASHI BATTAGLIA

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MAURICIO NAHAS BORGES

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JOSE OSCAR BORGES

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO 7ª TURMA Relator: ALEXANDRE DE SOUZA AGRA BELMONTE RR 0136400-34.2004.5.02.0023 RECORRENTE: JUSTINO PEREIRA NETO RECORRIDO: G… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO 7ª TURMA Relator: ALEXANDRE DE SOUZA AGRA BELMONTE RR 0136400-34.2004.5.02.0023 RECORRENTE: JUSTINO PEREIRA NETO RECORRIDO: GOLLABEK COMERCIAL LTDA. E OUTROS (2) Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho PROCESSO Nº TST-RR - 0136400-34.2004.5.02.0023 A C Ó R D Ã O 7ª Turma GMAAB/GP /dao RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. PENHORA SOBRE PERCENTUAL DE SALÁRIO OU APOSENTADORIA NA VIGÊNCIA DO CPC/15. POSSIBILIDADE. EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO AO CAGED E INSS PARA VIABILIZAÇÃO DA PENHORA. APLICAÇÃO DO TEMA 75 DA TABELA DE RECURSOS DE REVISTA REPETITIVOS. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. 1. O Tribunal Pleno desta Corte, na ocasião do julgamento do RR-271-98.2017.5.12.0019 – representativo para a reafirmação da jurisprudência em sede de incidente de recurso repetitivo (Tema 75) – firmou a tese de que “Na vigência do Código de Processo Civil de 2015, é válida a penhora dos rendimentos (CPC, art. 833, inciso IV) para satisfação de crédito trabalhista, desde que observado o limite máximo de 50% dos rendimentos líquidos e garantido o recebimento de, pelo menos, um salário mínimo legal pelo devedor” (DEJT 08/04/2025). 2. No caso, o exequente defende a possibilidade de penhora de percentual do salário e aposentadoria recebido pelos sócios executados, motivo pelo qual pugna pelo deferimento da expedição de ofício ao INSS e consulta ao CAGED, a fim de viabilizar a futura penhora. 3. O TRT entendeu “não ser possível a penhora sobre percentual de salário ou de aposentadoria” dos executados. 4. Por destoar do precedente desta Corte, de caráter vinculante, reforma-se a decisão regional para determinar o retorno dos autos ao juízo da execução, para que proceda à expedição de ofício ao INSS e ao CAGED, a fim de aferir a existência de eventual vínculo de emprego e benefícios previdenciários dos executados, ficando desde já autorizada, se for o caso, a penhora de percentual dos valores por eles percebidos, com vistas à satisfação do crédito exequendo, observado o limite previsto no art. 529, § 3º, do CPC/15, bem como a garantia de recebimento de, pelo menos, um salário mínimo legal pelos devedores. Recurso de revista conhecido por violação do art. 100, § 1º, do CPC e provido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista nº TST-RR - 0136400-34.2004.5.02.0023, em que é Recorrente JUSTINO PEREIRA NETO e são Recorridos GOLLABEK COMERCIAL LTDA, CARMEN ROSA ZIGLER GOLABEK e ANDRE GOLABEK SANCHEZ. O col. Tribunal Regional negou provimento ao agravo de petição do exequente para manter a decisão que rejeitou seu pedido de penhora sobre salário e aposentadoria recebidos pelos sócios executados (págs. 560/563). Os embargos de declaração que se seguiram foram rejeitados (págs. 580/581). Inconformado, o exequente interpõe recurso de revista (págs. 589/620) Alega que o indeferimento do requerimento para prosseguimento da execução, com pesquisa para possibilitar eventual penhora parcial de salário/aposentadoria/benefícios, trancou a execução, acabou por impor ao feito nociva morosidade e desta forma, violou de forma direta o disposto nos arts. 5º, XXXV, XXXVI, LV e LXXVIII, e 100, § 1º, da CR. Sustenta que, na vigência do novo CPC, a impenhorabilidade de vencimentos não se aplica "à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais" (art. 833, § 2º, do CPC), motivo pelo qual também entende por violado o art. 5º, XXXVI, da CR. Transcreve julgados. O recurso foi admitido por possível afronta ao art. 100, § 1º, da CR. Contrarrazões não apresentadas. Dispensada a remessa dos autos ao MPT, na forma regimental. É o relatório. V O T O 1 – CONHECIMENTO Satisfeitos os pressupostos extrínsecos de admissibilidade, prossigo no exame dos requisitos intrínsecos. 1.1.PENHORA SOBRE PERCENTUAL DE SALÁRIO OU APOSENTADORIA NA VIGÊNCIA DO CPC/15. EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO AO CAGED/INSS. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA Eis os trechos do v. acórdão regional, destacados pelo recorrente: AGRAVO DE INSTRUMENTO (...) No caso, constata-se que foram esgotados os meios ordinários de localização de bens do executado e seus sócios, com a realização das pesquisas por meio dos convênios que resultaram infrutíferos, de modo que a exequente não dispunha de outros meios para prosseguimento na satisfação do seu crédito. Portanto, o agravo de instrumento merece provimento, já que a decisão agravada acaba por impedir o prosseguimento da execução. Não pode, assim, ser caracterizada como interlocutória, uma vez que acarreta prejuízo imediato à parte exequente que busca a satisfação de seu crédito. Neste contexto, não há como se afastar o caráter terminativo da r. decisão, pelo que cabível na espécie a interposição de agravo de petição. Assim, dou provimento ao agravo de instrumento, para destrancar o conhecimento do agravo de petição. (...) ... Sem razão. O art. 833, IV, do CPC, aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho, é expresso ao considerar absolutamente impenhoráveis os proventos de aposentadoria e os salários. Eis o teor do dispositivo: (...) É certo, ainda, que o § 2.º do citado dispositivo legal, ao estabelecer que "o disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º, e no art. 529, § 3º", aponta a prestação alimentícia como única exceção à impenhorabilidade objeto dos incisos, que não se confunde com o crédito laboral. (...) Data vênia de doutrinadores que entendem que tal procedimento é aconselhável e adequado aos fins colimados pela justiça laboral, entendo não ser possível a penhora sobre percentual de salário ou de aposentadoria. (...) Desse modo, não obstante a argumentação que há plausibilidade na penhora sobre percentual do salário ou da aposentadoria, na medida em que o objetivo é a satisfação de crédito alimentar, tal circunstância não é suficiente para ratificar a pretensão. (...) Vale salientar que o IRDR nº 1002917-27.2022.5.02.0000, que havia sido admitido em 07/11/2022 para definição de tese jurídica acerca da questão: "É possível, à luz do disposto no artigo 833, § 2º, do NCPC a penhora, ainda que limitada a determinado percentual, sobre salários, proventos de aposentadoria e outras fontes de renda do devedor previstas no inciso IV, daquele mesmo preceito legal, para fins de, e, por consequência, a teor do disposto no artigo satisfação do crédito trabalhista?", foi extinto sem julgamento do mérito na sessão de 02/10/2023,com publicação do acórdão em 23/10/2023, de modo que o raciocínio aqui adotado se mantém. Desta forma, impossível a penhora requerida. Nego provimento ao agravo. (...) (...) Não obstante as argumentações do embargante, o v. acórdão não incorreu em omissão na análise das alegações da parte nem em sua fundamentação. O julgado é expresso no sentido de que são impenhoráveis os proventos de aposentadoria e os salários, conforme o disposto no artigo 833, IV do CPC. Consta ainda do v. acórdão embargado, que o fato de a dívida trabalhista possuir caráter alimentar não é suficiente para tornar admissível a penhora mesmo que parcial dos salários ou aposentadorias, uma vez que configuraria a execução de modo gravoso evitada pelo ordenamento jurídico pátrio. O fato de outros colegiados decidirem de modo diverso não vincula esta E. Turma, especialmente quando o acórdão se pronunciou sobre as alegações da parte, atendendo à exigência do artigo 93, IX, da Constituição Federal. Constam expressamente os dispositivos legais e a jurisprudência consolidada no Tribunal Superior do Trabalho que fundamentaram a decisão, especialmente a OJ nº 153 da SBDI-2 do TST, com a redação dada pela Resolução nº 220 de 2017, como argumenta a embargante. Não há omissão no julgado a ser sanada, portanto. (...) Rejeito. Inconformado, o exequente interpõe recurso de revista (págs. 589/620) Alega que o indeferimento do requerimento para prosseguimento da execução, com pesquisa para possibilitar eventual penhora parcial de salário/aposentadoria/benefícios, trancou a execução, acabou por impor ao feito nociva morosidade e desta forma, violou de forma direta o disposto nos arts. 5º, XXXV, XXXVI, LV e LXXVIII, e 100, § 1º, da CR. Sustenta que, na vigência do novo CPC, a impenhorabilidade de vencimentos não se aplica "à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais" (art. 833, § 2º, do CPC), motivo pelo qual também entende por violado o art. 5º, XXXVI, da CR. Transcreve julgados. Ao exame. O Tribunal Pleno desta Corte, na ocasião do julgamento do RR-271-98.2017.5.12.0019 – representativo para a reafirmação da jurisprudência em sede de incidente de recurso repetitivo (Tema 75) – firmou a tese de que “Na vigência do Código de Processo Civil de 2015, é válida a penhora dos rendimentos (CPC, art. 833, inciso IV) para satisfação de crédito trabalhista, desde que observado o limite máximo de 50% dos rendimentos líquidos e garantido o recebimento de, pelo menos, um salário mínimo legal pelo devedor” (DEJT 08/04/2025). No caso, o exequente defende a possibilidade de penhora de percentual do salário e aposentadoria recebido pelos sócios executados, motivo pelo qual pugna pelo deferimento da expedição de ofício ao INSS e consulta ao CAGED, a fim de viabilizar a penhora. O entendimento do TRT foi de que “não ser possível a penhora sobre percentual de salário ou de aposentadoria”, motivo pelo qual manteve a decisão que rejeitou o pedido de expedição de ofício ao INSS e consulta ao CAGED, visando a obtenção de informações sobre a existência de salários ou benefícios previdenciários em nome dos executados, para fins de futura penhora. A decisão regional destoa da jurisprudência desta Corte, de caráter vinculante, motivo pelo qual reconheço a transcendência política da causa e conheço do recurso de revista, por violação do art. 100, § 1º, da CR. 2 – MÉRITO 2.1. PENHORA SOBRE PERCENTUAL DE SALÁRIO OU APOSENTADORIA NA VIGÊNCIA DO CPC/15. POSSIBILIDADE. EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO AO CAGED/INSS PARA VIABILIZAÇÃO DA PENHORA. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA Conhecido o recurso de revista, por violação do art. 100, § 1º, da CR, dou-lhe provimento para determinar o retorno dos autos ao juízo da execução, a fim de que proceda à expedição de ofício ao INSS e ao CAGED, para verificar a existência de eventual vínculo de emprego e benefícios previdenciários dos executados, ficando desde já autorizada, se for o caso, a penhora de percentual dos valores percebidos pelos devedores, com vistas à satisfação do crédito exequendo, observado o limite previsto no art. 529, § 3º, do CPC/15, e assegurado o recebimento de, pelo menos, um salário mínimo legal pelos devedores, nos termos da fundamentação. ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista, por violação do art. 100, § 1º, da CR, e, no mérito, dar-lhe provimento para determinar o retorno dos autos ao juízo da execução, a fim de que proceda à expedição de ofício ao INSS e ao CAGED, para verificar a existência de eventual vínculo de emprego e benefícios previdenciários dos executados, ficando desde já autorizada, se for o caso, a penhora de percentual dos valores percebidos pelos devedores, com vistas à satisfação do crédito exequendo, observado o limite previsto no art. 529, § 3º, do CPC/15 e assegurado o recebimento de, pelo menos, um salário mínimo legal pelos devedores, nos termos da fundamentação. Brasília, 27 de junho de 2025. ALEXANDRE AGRA BELMONTE Ministro Relator Intimado(s) / Citado(s) - JUSTINO PEREIRA NETO

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Geraldo Cesar Gasparotto x Edson Tadeu Mathias e outros

ID: 332936199

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: AGRAVO DE PETIçãO Nº Processo: 1001373-68.2019.5.02.0433

Data de Disponibilização: 23/07/2025

Polo Ativo:

GERALDO CESAR GASPAROTTO

Polo Passivo:

EDSON TADEU MATHIAS GASVIT INDUSTRIA E COMERCIO DE VALVULAS E CONEXOES LTDA GV COMERCIAL EIRELI

Notificação

Advogados:

EMILIO CARLOS SILVA PINTO

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THIAGO PRATES OLIVEIRA

OAB/MG XXXXXX Desbloquear

RITA DE CASSIA FREITAS PERIGO

OAB/SP XXXXXX Desbloquear

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relatora: VALERIA NICOLAU SANCHEZ AP 1001373-68.2019.5.02.0433 AGRAVANTE: GERALDO CESAR GASPA… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relatora: VALERIA NICOLAU SANCHEZ AP 1001373-68.2019.5.02.0433 AGRAVANTE: GERALDO CESAR GASPAROTTO AGRAVADO: GASVIT INDUSTRIA E COMERCIO DE VALVULAS E CONEXOES LTDA E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID ec769da proferido nos autos. AP 1001373-68.2019.5.02.0433 - 7ª Turma Parte: Advogado(s): GERALDO CESAR GASPAROTTO EMILIO CARLOS SILVA PINTO (SP140456) Parte: Advogado(s): EDSON TADEU MATHIAS RITA DE CASSIA FREITAS PERIGO (SP336562) THIAGO PRATES OLIVEIRA (MG176082) Parte: GASVIT INDUSTRIA E COMERCIO DE VALVULAS E CONEXOES LTDA Parte: GV COMERCIAL EIRELI O recurso de revista da parte reclamante trata de penhora de rendimentos. Sobre o tema, assim decidiu o Regional: "PENHORA DE VALORES DECORRENTES DE APOSENTADORIA Aduz o agravante que os valores bloqueados não decorrem de proventos de aposentadoria, pugnando pela manutenção do bloqueio. Razão parcial lhe assiste. Com relação ao bloqueio de valores na conta salário/proventos de aposentadoria do agravante, consigne-se que no julgamento do IRDR nº 1002917-27.2022.5.02.0000, foi deliberada a cessação da suspensão do julgamento dos processos que contem referida controvérsia - penhora de salário -, pelo Tribunal Pleno deste Tribunal Regional, consoante Ata nº 37/2023, razão por que passo ao exame. O d. Juízo da execução decidiu determinar a devolução dos valores bloqueados ao agravado, excluindo-o do polo passivo, nos seguintes termos: "Quanto ao sócio EDSON TADEU MATHIAS, que apresentou impugnação no id 7ec46f3, alegou que sofreu bloqueio de valores decorrentes de aposentadoria e de empréstimo consignado e que não era sócio da empresa executada. De início, da documentação acostada (id 3b54e6d e 33ee1ee) e extrai-se que o suscitado não passava de mero empregado da reclamada, razão pela qual não pode ser responsabilizado pela presente execução. Desse modo, julgo o IMPROCEDENTE Incidente de. Desconsideração da Personalidade Jurídica voltado contra EDSON TADEU MATHIAS. Restitua-se ao suscitado os valores contidos na conta judicial 700120827634 após o prazo para recursos. O suscitado deverá indicar dados bancários em 5 dias, sob penados valores serem transferidos aos patronos cadastrados no SISCONDJ". Indefiro a expedição de ofício, para Autarquia Previdenciária do INSS, para informações sobre a aposentadoria do sócio executado, porquanto entendo impenhorável o benefício previdenciário, ainda que para pagamento de crédito trabalhista, pena de quitar um valor alimentar em prejuízo de outro crédito de idêntica natureza (...)". A r. decisão não merece reforma quanto à penhora de salário. Ressalvado o entendimento pessoal desta Relatora e com o intuito de evitar o deslocamento de Relatoria, e consoante entendimento desta Turma, salários são impenhoráveis. Nesse sentido, o art. 833, IV, do NCPC, ao disciplinar que são absolutamente impenhoráveis "os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 2º". Nem se alegue, pois, que o crédito do agravado se enquadraria na exceção prevista no § 2º. do citado artigo, equiparando-o ao pagamento de prestação alimentícia. É que, embora o crédito trabalhista tenha natureza alimentar, a espécie tratada na norma em destaque foi outra, relativa às hipóteses de pensões alimentícias. Cito, ainda, recente julgado da C. 5ª. Turma: "AGRAVO DE PETIÇÃO. IMPENHORABILIDADE DE SALÁRIO DO SÓCIO DA AGRAVADA. A legislação não admite a penhora dos vencimentos, salários, subsídios e proventos de aposentadoria, tendo em vista a proteção constitucional e o caráter alimentar dos referidos valores. Além disso, o art. 833, IV, do CPC, combinado com o seu § 2º, deve ser interpretado em conjunto com os artigos 1.694 a 1.702 do Código Civil, que definem quem são os beneficiários dos alimentos. Embora o crédito trabalhista possua natureza alimentar, ele não se subsume às hipóteses previstas na legislação civil. Note-se que a expressão 'impenhoráveis' constante no caput da citada norma adjetiva encerra imperatividade, não admitindo, assim, interpretação elástica e flexível, notadamente para determinar qualquer tipo de penhora que envolva este título. A única exceção permitida diz respeito ao pagamento de prestação alimentícia, cuja natureza não se confunde com a dívida trabalhista, porquanto tais verbas apresentam outras finalidades. De modo que o quantum debeatur trabalhista stricto sensu não consubstancia cota alimentícia, embora também apresente feição alimentar. Agravo de Petição do exequente ao qual se nega provimento" (TRT da 2ª Região; Processo: 0000927-49.2010.5.02.0061; Data: 08-06-2022; Órgão Julgador: 5ª Turma - Cadeira 2 - 5ª Turma; Relator(a): SIDNEI ALVES TEIXEIRA). E, da mesma forma, já se manifestou o C. TST: "I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROVIMENTO. EXECUÇÃO. PENHORA DE PROVERNTOS DA APOSENTADORIA. ILEGALIDADE. ART. 833, IV, DO CPC. INCIDÊNCIA DA COMPREENSÃO DEPOSITADA NA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 153 DA SBDI-2 DO TST. Diante de potencial violação do art. 7º, X, da Constituição Federal, merece processamento o recurso de revista. Agravo de instrumento conhecido e provido. II - RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. PENHORA DE PROVENTOS DA APOSENTADORIA. ILEGALIDADE. ART. 833, IV, DO CPC. INCIDÊNCIA DA COMPREENSÃO DEPOSITADA NA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 153 DA SBDI-2 DO TST. 1. Nos termos do art. 833, IV, do CPC, são impenhoráveis 'os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal', salvo para pagamento de prestação alimentícia (§ 2º). 2. Constatada a compatibilidade da regra processual comum com os princípios que orientam o Processo do Trabalho (tanto que editada a Orientação Jurisprudencial nº 153 da SBDI-2 do TST), impõe-se a aplicação subsidiária da norma sob foco. 3. O legislador, ao fixar a impenhorabilidade absoluta, enaltece a proteção ao ser humano, seja em atenção à sobrevivência digna e com saúde do devedor e de sua família, seja sob o foco da segurança e da liberdade no conviver social dos homens (Constituição Federal, arts. 5º, 'caput', e 6º). 4. Diante do comando do inciso IV do art. 833 do CPC (inciso IV do art. 649 do CPC/73) e da inteligência da Orientação Jurisprudencial 153/SBDI-2/TST, não se autoriza a penhora de proventos de aposentadoria. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-11080-88.2016.5.15.0120, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 07/05/2021). De qualquer sorte, registre-se ainda o mais recente entendimento do C. STJ, segundo o qual são impenhoráveis os saldos inferiores a 40 salários-mínimos, depositados em conta corrente, caderneta de poupança, bem assim outras aplicações financeiras: "PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE CONHECIMENTO EM FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. INADMISSIBILIDADE. VALOR EM CONTA CORRENTE. LIMITE. 40 SALÁRIOS MÍNIMOS. POUPANÇA. DIGNIDADE. SUSTENTO. IMPENHORABILIDADE. CONSONÂNCIA ENTRE O ACÓRDÃO RECORRIDO E A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. COTEJO ANALÍTICO E SIMILITUDE FÁTICA. AUSÊNCIA. SÚMULA 7 DO STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. PREJUDICADO. 1. Ação de conhecimento em fase de cumprimento de sentença. 2. O reexame de fatos e provas em recurso especial é inadmissível. 3. Esta Corte possui entendimento no sentido de que "a regra geral da impenhorabilidade dos vencimentos, dos subsídios, dos soldos, dos salários, das remunerações, dos proventos de aposentadoria, das pensões, dos pecúlios e dos montepios, bem como das quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, dos ganhos de trabalhador autônomo e dos honorários de profissional liberal poderá ser excepcionada, nos termos do art. 833, IV, c/c o § 2° do CPC/2015, quando se voltar: I) para o pagamento de prestação alimentícia, de qualquer origem, independentemente do valor da verba remuneratória recebida; e II) para o pagamento de qualquer outra dívida não alimentar, quando os valores recebidos pelo executado forem superiores a 50 salários mínimos mensais, ressalvando-se eventuais particularidades do caso concreto. Em qualquer circunstância, deverá ser preservado percentual capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família". 4. É impenhorável valor depositado em caderneta de poupança até o limite de 40 salários mínimos, devendo-se ter, quanto a esse comando, interpretação restritiva, admitindo-se, apenas, a mitigação dessa ordem, no caso de pagamento de prestação alimentícia ou de comprovada má-fé ou fraude. Precedentes. (destaquei, STJ - AgInt no AREsp 1739220/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 29/03/2021, DJe 06/04/2021)". Isso considerado, tem-se que o sócio agravado não comprovou que os valores bloqueados correspondem aos seus proventos de aposentadoria (R$ 6.601,18). Quanto ao valor de R$ 30.000,00, não houve comprovação de que o depósito em sua conta corrente em fevereiro/2021 fosse aquele correspondente ao empréstimo consignado realizado no final de dezembro/2020. De fato, é no mínimo estranho que o agravado tivesse solicitado um empréstimo para fazer frente às despesas com sua progenitora e que não tenha gasto nem um real quase dois meses depois. Ainda que assim não fosse, o agravante também deixou de comprovar que o empréstimo realizado fora para manutenção dos cuidados com sua mãe ou de sua família. Ressalte-se que os valores de empréstimo consignado em folha de pagamento, depositados na conta bancária do devedor, só recebem a proteção de impenhorabilidade atribuída a salários, proventos e pensões, nos termos do artigo 833, inciso IV, do Código de Processo Civil, quando forem comprovadamente destinados à manutenção da pessoa ou de sua família. Fora dessa situação, o crédito consignado pode ser normalmente penhorado por ordem do juiz. In casu, o agravante não trouxe qualquer documento que corroborasse suas alegações. A única despesa comprovada refere-se à locação de imóvel residencial (fls. 541/542). Por conseguinte, o valor bloqueado correspondente ao alegado empréstimo consignado fica mantido, em benefício da execução. Indeferida a devolução ao agravante Reformo parcialmente." No julgamento do RR-0000271-98.2017.5.12.0019, o Tribunal Superior do Trabalho fixou a seguinte tese jurídica para o Tema Repetitivo nº 75: "Na vigência do Código de Processo Civil de 2015, é válida a penhora dos rendimentos (CPC, art. 833, inciso IV) para satisfação de crédito trabalhista, desde que observado o limite máximo de 50% dos rendimentos líquidos e garantido o recebimento de, pelo menos, um salário mínimo legal pelo devedor." Aplicam-se ao recurso de revista, no que couber, as normas do Código de Processo Civil relativas ao julgamento dos recursos extraordinário e especial repetitivos (art. 896-B da CLT). As teses firmadas em incidente de recurso repetitivo são de observância obrigatória (art. 927, III, do CPC) e devem ser aplicadas a partir da publicação da respectiva certidão de julgamento, conforme art. 896-C, § 11, da CLT e art. 1.039 do CPC e jurisprudência dos Tribunais Superiores (AI-AgR 795.968, STF, Primeira Turma, Relator Ministro Roberto Barroso, DJe 3/5/2023; AgInt nos EDcl no AREsp nº 2.262.586, STJ, Primeira Turma, Relator Ministro Benedito Gonçalves, julgamento em 18/12/2023). Pelo exposto, devolvam-se os autos à 7ª Turma para novo exame da matéria, nos termos do art. 896-C, § 11, II, da CLT e art. 1.030, II, do CPC. Após o reexame, independentemente da decisão a ser adotada pela Turma, retornem os autos para o cumprimento do disposto no art. 896, § 1º, da CLT e demais providências cabíveis. /rcc SAO PAULO/SP, 22 de julho de 2025. WILSON FERNANDES Desembargador Vice-Presidente Judicial - em exercício Intimado(s) / Citado(s) - EDSON TADEU MATHIAS

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Geraldo Cesar Gasparotto x Edson Tadeu Mathias e outros

ID: 332936209

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: AGRAVO DE PETIçãO Nº Processo: 1001373-68.2019.5.02.0433

Data de Disponibilização: 23/07/2025

Polo Ativo:

GERALDO CESAR GASPAROTTO

Polo Passivo:

EDSON TADEU MATHIAS GASVIT INDUSTRIA E COMERCIO DE VALVULAS E CONEXOES LTDA GV COMERCIAL EIRELI

Notificação

Advogados:

EMILIO CARLOS SILVA PINTO

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THIAGO PRATES OLIVEIRA

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RITA DE CASSIA FREITAS PERIGO

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relatora: VALERIA NICOLAU SANCHEZ AP 1001373-68.2019.5.02.0433 AGRAVANTE: GERALDO CESAR GASPA… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relatora: VALERIA NICOLAU SANCHEZ AP 1001373-68.2019.5.02.0433 AGRAVANTE: GERALDO CESAR GASPAROTTO AGRAVADO: GASVIT INDUSTRIA E COMERCIO DE VALVULAS E CONEXOES LTDA E OUTROS (2) INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência do Despacho ID ec769da proferido nos autos. AP 1001373-68.2019.5.02.0433 - 7ª Turma Parte: Advogado(s): GERALDO CESAR GASPAROTTO EMILIO CARLOS SILVA PINTO (SP140456) Parte: Advogado(s): EDSON TADEU MATHIAS RITA DE CASSIA FREITAS PERIGO (SP336562) THIAGO PRATES OLIVEIRA (MG176082) Parte: GASVIT INDUSTRIA E COMERCIO DE VALVULAS E CONEXOES LTDA Parte: GV COMERCIAL EIRELI O recurso de revista da parte reclamante trata de penhora de rendimentos. Sobre o tema, assim decidiu o Regional: "PENHORA DE VALORES DECORRENTES DE APOSENTADORIA Aduz o agravante que os valores bloqueados não decorrem de proventos de aposentadoria, pugnando pela manutenção do bloqueio. Razão parcial lhe assiste. Com relação ao bloqueio de valores na conta salário/proventos de aposentadoria do agravante, consigne-se que no julgamento do IRDR nº 1002917-27.2022.5.02.0000, foi deliberada a cessação da suspensão do julgamento dos processos que contem referida controvérsia - penhora de salário -, pelo Tribunal Pleno deste Tribunal Regional, consoante Ata nº 37/2023, razão por que passo ao exame. O d. Juízo da execução decidiu determinar a devolução dos valores bloqueados ao agravado, excluindo-o do polo passivo, nos seguintes termos: "Quanto ao sócio EDSON TADEU MATHIAS, que apresentou impugnação no id 7ec46f3, alegou que sofreu bloqueio de valores decorrentes de aposentadoria e de empréstimo consignado e que não era sócio da empresa executada. De início, da documentação acostada (id 3b54e6d e 33ee1ee) e extrai-se que o suscitado não passava de mero empregado da reclamada, razão pela qual não pode ser responsabilizado pela presente execução. Desse modo, julgo o IMPROCEDENTE Incidente de. Desconsideração da Personalidade Jurídica voltado contra EDSON TADEU MATHIAS. Restitua-se ao suscitado os valores contidos na conta judicial 700120827634 após o prazo para recursos. O suscitado deverá indicar dados bancários em 5 dias, sob penados valores serem transferidos aos patronos cadastrados no SISCONDJ". Indefiro a expedição de ofício, para Autarquia Previdenciária do INSS, para informações sobre a aposentadoria do sócio executado, porquanto entendo impenhorável o benefício previdenciário, ainda que para pagamento de crédito trabalhista, pena de quitar um valor alimentar em prejuízo de outro crédito de idêntica natureza (...)". A r. decisão não merece reforma quanto à penhora de salário. Ressalvado o entendimento pessoal desta Relatora e com o intuito de evitar o deslocamento de Relatoria, e consoante entendimento desta Turma, salários são impenhoráveis. Nesse sentido, o art. 833, IV, do NCPC, ao disciplinar que são absolutamente impenhoráveis "os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 2º". Nem se alegue, pois, que o crédito do agravado se enquadraria na exceção prevista no § 2º. do citado artigo, equiparando-o ao pagamento de prestação alimentícia. É que, embora o crédito trabalhista tenha natureza alimentar, a espécie tratada na norma em destaque foi outra, relativa às hipóteses de pensões alimentícias. Cito, ainda, recente julgado da C. 5ª. Turma: "AGRAVO DE PETIÇÃO. IMPENHORABILIDADE DE SALÁRIO DO SÓCIO DA AGRAVADA. A legislação não admite a penhora dos vencimentos, salários, subsídios e proventos de aposentadoria, tendo em vista a proteção constitucional e o caráter alimentar dos referidos valores. Além disso, o art. 833, IV, do CPC, combinado com o seu § 2º, deve ser interpretado em conjunto com os artigos 1.694 a 1.702 do Código Civil, que definem quem são os beneficiários dos alimentos. Embora o crédito trabalhista possua natureza alimentar, ele não se subsume às hipóteses previstas na legislação civil. Note-se que a expressão 'impenhoráveis' constante no caput da citada norma adjetiva encerra imperatividade, não admitindo, assim, interpretação elástica e flexível, notadamente para determinar qualquer tipo de penhora que envolva este título. A única exceção permitida diz respeito ao pagamento de prestação alimentícia, cuja natureza não se confunde com a dívida trabalhista, porquanto tais verbas apresentam outras finalidades. De modo que o quantum debeatur trabalhista stricto sensu não consubstancia cota alimentícia, embora também apresente feição alimentar. Agravo de Petição do exequente ao qual se nega provimento" (TRT da 2ª Região; Processo: 0000927-49.2010.5.02.0061; Data: 08-06-2022; Órgão Julgador: 5ª Turma - Cadeira 2 - 5ª Turma; Relator(a): SIDNEI ALVES TEIXEIRA). E, da mesma forma, já se manifestou o C. TST: "I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROVIMENTO. EXECUÇÃO. PENHORA DE PROVERNTOS DA APOSENTADORIA. ILEGALIDADE. ART. 833, IV, DO CPC. INCIDÊNCIA DA COMPREENSÃO DEPOSITADA NA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 153 DA SBDI-2 DO TST. Diante de potencial violação do art. 7º, X, da Constituição Federal, merece processamento o recurso de revista. Agravo de instrumento conhecido e provido. II - RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. PENHORA DE PROVENTOS DA APOSENTADORIA. ILEGALIDADE. ART. 833, IV, DO CPC. INCIDÊNCIA DA COMPREENSÃO DEPOSITADA NA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 153 DA SBDI-2 DO TST. 1. Nos termos do art. 833, IV, do CPC, são impenhoráveis 'os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal', salvo para pagamento de prestação alimentícia (§ 2º). 2. Constatada a compatibilidade da regra processual comum com os princípios que orientam o Processo do Trabalho (tanto que editada a Orientação Jurisprudencial nº 153 da SBDI-2 do TST), impõe-se a aplicação subsidiária da norma sob foco. 3. O legislador, ao fixar a impenhorabilidade absoluta, enaltece a proteção ao ser humano, seja em atenção à sobrevivência digna e com saúde do devedor e de sua família, seja sob o foco da segurança e da liberdade no conviver social dos homens (Constituição Federal, arts. 5º, 'caput', e 6º). 4. Diante do comando do inciso IV do art. 833 do CPC (inciso IV do art. 649 do CPC/73) e da inteligência da Orientação Jurisprudencial 153/SBDI-2/TST, não se autoriza a penhora de proventos de aposentadoria. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-11080-88.2016.5.15.0120, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 07/05/2021). De qualquer sorte, registre-se ainda o mais recente entendimento do C. STJ, segundo o qual são impenhoráveis os saldos inferiores a 40 salários-mínimos, depositados em conta corrente, caderneta de poupança, bem assim outras aplicações financeiras: "PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE CONHECIMENTO EM FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. INADMISSIBILIDADE. VALOR EM CONTA CORRENTE. LIMITE. 40 SALÁRIOS MÍNIMOS. POUPANÇA. DIGNIDADE. SUSTENTO. IMPENHORABILIDADE. CONSONÂNCIA ENTRE O ACÓRDÃO RECORRIDO E A JURISPRUDÊNCIA DO STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. COTEJO ANALÍTICO E SIMILITUDE FÁTICA. AUSÊNCIA. SÚMULA 7 DO STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. PREJUDICADO. 1. Ação de conhecimento em fase de cumprimento de sentença. 2. O reexame de fatos e provas em recurso especial é inadmissível. 3. Esta Corte possui entendimento no sentido de que "a regra geral da impenhorabilidade dos vencimentos, dos subsídios, dos soldos, dos salários, das remunerações, dos proventos de aposentadoria, das pensões, dos pecúlios e dos montepios, bem como das quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, dos ganhos de trabalhador autônomo e dos honorários de profissional liberal poderá ser excepcionada, nos termos do art. 833, IV, c/c o § 2° do CPC/2015, quando se voltar: I) para o pagamento de prestação alimentícia, de qualquer origem, independentemente do valor da verba remuneratória recebida; e II) para o pagamento de qualquer outra dívida não alimentar, quando os valores recebidos pelo executado forem superiores a 50 salários mínimos mensais, ressalvando-se eventuais particularidades do caso concreto. Em qualquer circunstância, deverá ser preservado percentual capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família". 4. É impenhorável valor depositado em caderneta de poupança até o limite de 40 salários mínimos, devendo-se ter, quanto a esse comando, interpretação restritiva, admitindo-se, apenas, a mitigação dessa ordem, no caso de pagamento de prestação alimentícia ou de comprovada má-fé ou fraude. Precedentes. (destaquei, STJ - AgInt no AREsp 1739220/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 29/03/2021, DJe 06/04/2021)". Isso considerado, tem-se que o sócio agravado não comprovou que os valores bloqueados correspondem aos seus proventos de aposentadoria (R$ 6.601,18). Quanto ao valor de R$ 30.000,00, não houve comprovação de que o depósito em sua conta corrente em fevereiro/2021 fosse aquele correspondente ao empréstimo consignado realizado no final de dezembro/2020. De fato, é no mínimo estranho que o agravado tivesse solicitado um empréstimo para fazer frente às despesas com sua progenitora e que não tenha gasto nem um real quase dois meses depois. Ainda que assim não fosse, o agravante também deixou de comprovar que o empréstimo realizado fora para manutenção dos cuidados com sua mãe ou de sua família. Ressalte-se que os valores de empréstimo consignado em folha de pagamento, depositados na conta bancária do devedor, só recebem a proteção de impenhorabilidade atribuída a salários, proventos e pensões, nos termos do artigo 833, inciso IV, do Código de Processo Civil, quando forem comprovadamente destinados à manutenção da pessoa ou de sua família. Fora dessa situação, o crédito consignado pode ser normalmente penhorado por ordem do juiz. In casu, o agravante não trouxe qualquer documento que corroborasse suas alegações. A única despesa comprovada refere-se à locação de imóvel residencial (fls. 541/542). Por conseguinte, o valor bloqueado correspondente ao alegado empréstimo consignado fica mantido, em benefício da execução. Indeferida a devolução ao agravante Reformo parcialmente." No julgamento do RR-0000271-98.2017.5.12.0019, o Tribunal Superior do Trabalho fixou a seguinte tese jurídica para o Tema Repetitivo nº 75: "Na vigência do Código de Processo Civil de 2015, é válida a penhora dos rendimentos (CPC, art. 833, inciso IV) para satisfação de crédito trabalhista, desde que observado o limite máximo de 50% dos rendimentos líquidos e garantido o recebimento de, pelo menos, um salário mínimo legal pelo devedor." Aplicam-se ao recurso de revista, no que couber, as normas do Código de Processo Civil relativas ao julgamento dos recursos extraordinário e especial repetitivos (art. 896-B da CLT). As teses firmadas em incidente de recurso repetitivo são de observância obrigatória (art. 927, III, do CPC) e devem ser aplicadas a partir da publicação da respectiva certidão de julgamento, conforme art. 896-C, § 11, da CLT e art. 1.039 do CPC e jurisprudência dos Tribunais Superiores (AI-AgR 795.968, STF, Primeira Turma, Relator Ministro Roberto Barroso, DJe 3/5/2023; AgInt nos EDcl no AREsp nº 2.262.586, STJ, Primeira Turma, Relator Ministro Benedito Gonçalves, julgamento em 18/12/2023). Pelo exposto, devolvam-se os autos à 7ª Turma para novo exame da matéria, nos termos do art. 896-C, § 11, II, da CLT e art. 1.030, II, do CPC. Após o reexame, independentemente da decisão a ser adotada pela Turma, retornem os autos para o cumprimento do disposto no art. 896, § 1º, da CLT e demais providências cabíveis. /rcc SAO PAULO/SP, 22 de julho de 2025. WILSON FERNANDES Desembargador Vice-Presidente Judicial - em exercício Intimado(s) / Citado(s) - GERALDO CESAR GASPAROTTO

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Processo nº 0800335-58.2025.8.10.0065

ID: 310314331

Tribunal: TJMA Órgão: Vara Única de Alto Parnaíba Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CíVEL Nº Processo: 0800335-58.2025.8.10.0065

Data de Disponibilização: 30/06/2025

Polo Ativo:

Polo Passivo:

ERCILENE BARBOSA DA SILVA

Intimação

Advogados:

EDVALDO ALVES FEITOSA JUNIOR

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INTIMAÇÃO VIA DJEN - Provimento-CGJ 39/2020 PROCESSO N° 0800335-58.2025.8.10.0065 AÇÃO: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436) PARTE AUTORA: ELIZALDO NOGUEIRA BARBOSA PARTE RÉ: ERCILENE BARBOSA… INTIMAÇÃO VIA DJEN - Provimento-CGJ 39/2020 PROCESSO N° 0800335-58.2025.8.10.0065 AÇÃO: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436) PARTE AUTORA: ELIZALDO NOGUEIRA BARBOSA PARTE RÉ: ERCILENE BARBOSA DA SILVA Advogado(s) do reclamado: EDVALDO ALVES FEITOSA JUNIOR (OAB 17145-A-MA) FINALIDADE: INTIMAÇÃO da parte requerida ERCILENE BARBOSA DA SILVA através de seus(a) Advogado(a) acima especificado(a) para tomar(em) conhecimento do(a) SENTENÇA de ID 152005230, a seguir transcrito(a): "SENTENÇA Vistos etc. Dispensado o relatório, conforme o art. 38 da Lei nº 9.099/95. O feito comporta julgamento antecipado, na forma do artigo 355, inciso II, do Código de Processo Civil, uma vez que a ré, embora devidamente citada e ciente dos termos da presente ação, não apresentou contestação no prazo legal, configurando-se, pois, a sua revelia. Da Revelia e seus Efeitos A revelia, instituto de direito processual, é caracterizada pela ausência de contestação por parte do réu, e seus efeitos estão delineados no artigo 344 do Código de Processo Civil, que estabelece a presunção de veracidade das alegações de fato formuladas pelo autor. Dispõe o referido artigo: "Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor". No caso em tela, a ré foi regularmente citada (ID 146894966) e, mesmo após comparecer à audiência de conciliação assistida por advogado constituído, absteve-se de apresentar a peça de defesa dentro do prazo que lhe foi concedido, o que impõe a aplicação dos efeitos materiais da revelia. Embora a presunção de veracidade decorrente da revelia seja relativa (juris tantum), podendo ser afastada pela análise do conjunto probatório ou se as alegações forem inverossímeis ou estiverem em contradição com a prova constante dos autos, no presente caso, a presunção milita integralmente em favor do autor. As alegações contidas na petição inicial não apenas se mostram verossímeis, como também encontram amparo nos elementos documentais acostados ao processo, notadamente os documentos reunidos sob o ID 145779131, que incluem um abaixo-assinado de moradores da localidade, demonstrando que o incômodo não é uma percepção isolada do autor, mas um problema que aflige toda a comunidade vizinha. Portanto, tenho por verdadeiros os fatos narrados: a emissão contínua de ruídos em volume excessivo, a falta de higiene e a desordem geradas pelo funcionamento do estabelecimento da ré, bem como a sua recusa em solucionar o conflito extrajudicialmente. Do Mérito: O Direito de Vizinhança e o Uso Anormal da Propriedade Superada a questão processual, adentro ao mérito da controvérsia, que se cinge à análise do conflito de vizinhança e do exercício do direito de propriedade. O direito de propriedade não é absoluto, encontrando limites no direito dos demais indivíduos, em especial dos vizinhos, que também têm a prerrogativa de usar, gozar e dispor de seus bens de forma pacífica e saudável. A matéria é regulada pelo Código Civil, em seu Capítulo V do Título III, que trata especificamente do "Direito de Vizinhança". O artigo 1.277 do Código Civil é a viga mestra que sustenta a pretensão autoral e estabelece os contornos da lide. Dispõe o referido dispositivo legal: Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha. Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança. Da leitura do texto legal, extrai-se que a lei busca harmonizar os interesses conflitantes entre proprietários de imóveis vizinhos, protegendo bens jurídicos fundamentais como a segurança, o sossego e a saúde. O exercício de uma atividade comercial, embora legítimo e protegido pela ordem constitucional, não pode se sobrepor a esses direitos, devendo ser conduzido de maneira a não gerar interferências prejudiciais e anormais na esfera jurídica alheia. No caso concreto, a atividade empresarial da ré, um bar, tem provocado, segundo os fatos incontroversos nos autos, exatamente as interferências que a lei visa coibir. O barulho excessivo e constante, as badernas e a sujeira extrapolam manifestamente o que se pode considerar como mero aborrecimento cotidiano ou como limite ordinário de tolerância, configurando um claro exemplo de uso anormal da propriedade. A análise da anormalidade do uso, conforme o parágrafo único do artigo 1.277, deve levar em conta a natureza da utilização e a localização do prédio. Um bar, por sua natureza, é um local que pode gerar ruídos, mas o seu funcionamento deve se adequar às normas de convivência social e à legislação pertinente, especialmente em áreas com características residenciais. A conduta da ré, ao permitir som em volume exacerbado de forma "quase que diariamente" e ao não gerenciar os resíduos e a desordem produzidos por seus clientes, demonstra um profundo descaso para com as regras de vizinhança e para com o bem-estar da coletividade que a circunda. A prova documental (ID 145779131), que inclui a manifestação de outros vizinhos, afasta qualquer dúvida sobre a dimensão e a gravidade da perturbação, confirmando que a conduta da ré é fonte de prejuízo generalizado ao sossego e à salubridade da área. Ademais, a atitude da ré, que, segundo o relato não contestado, respondeu às tentativas de diálogo com desdém, revela a ausência de qualquer intenção de adequar sua conduta e mitigar os danos causados, tornando a intervenção judicial não apenas necessária, mas imperativa para o restabelecimento da ordem e da paz social no local. O direito ao sossego é um desdobramento do direito à vida digna e à saúde, e sua violação sistemática autoriza o vizinho prejudicado a buscar no Poder Judiciário a tutela para fazer cessar a interferência nociva. Assim entende a jurisprudência: DIREITO DE VIZINHANÇA – Pretensões condenatória ao cumprimento de obrigação de fazer e de indenização de dano moral julgadas procedentes – Perturbação do sossego causado por barulho excessivo oriundo do bar da ré, instalado no imóvel vizinho ao do autor – Provas produzidas que dão respaldo às alegações do autor – Dano moral caracterizado – Indenização fixada em R$ 8.000,00 que não comporta redução – Apelação não provida. (TJ-SP - Apelação Cível: 1002917-63.2022 .8.26.0564 São Bernardo do Campo, Relator.: Sá Duarte, Data de Julgamento: 10/04/2024, 33ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 10/04/2024) RECURSO INOMINADO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – DIREITO DE VIZINHANÇA – ESTABELECIMENTO COMERCIAL (BAR) – BARULHO EXCESSIVO – SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA QUE CONDENOU O RÉU AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS NO VALOR DE R$3.000,00 PARA CADA AUTOR – PROVA PRODUZIDA ATRAVÉS DE IMAGENS DE REDE SOCIAL E VÍDEOS – ATA NOTARIAL DESNECESSÁRIA - DANO MORAL CARACTERIZADO – VALOR INDENIZATÓRIO QUE BEM ATENDE AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE – RECURSO DESPROVIDO. 1- Relatam os autores serem moradores de edifício localizado a poucos metros do estabelecimento comercial réu e que o mesmo, desde sua inauguração, tem produzido barulho excessivo, de terça a domingo, com música alta e poluição sonora, sem qualquer proteção acústica, que perturba o sossego dos moradores. Apesar de diversas medidas administrativas, não lograram os autores solucionar o problema, motivo do ajuizamento da ação . A sentença julgou a ação procedente, condenando o réu ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$3.000,00 para cada autor. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente, em síntese, que as provas produzidas pelos autores (imagens de rede social, WhatsApp e Vídeos) são imprestáveis, por ausência de Ata Notarial, devendo ser desconsideradas. Alega que o local onde o estabelecimento se localiza é rua de muito movimento, diversos bares, casas noturnas e restaurantes, e que não lograram os autores comprovar que o barulho produzido pelo réu desrespeita o limite de decibéis autorizado pela legislação municipal . Impugnou a indenização fixada, pugnando pela improcedência da demanda. 2- A sentença não comporta reparos, devendo ser mantida por seus próprios e jurídicos fundamentos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/95 . Inicialmente, observa-se que a jurisprudência tem amplamente admitido a produção de provas através de imagens de rede social, mensagens de aplicativos celulares, e-mails e vídeos do youtube, sendo desnecessária a apresentação de Ata Notarial, mormente quando a autenticidade do conteúdo não foi objeto de impugnação específica, como no caso presente. Trata-se de formalidade dispensável no âmbito do Juizado Especial, onde prevalecem os princípios da simplicidade e oralidade. Os vídeos de fl. 08 não deixam dúvida de que o som produzido pelo réu extrapola os limites do aceitável, sendo apto a perturbar o sossego dos moradores do entorno, em especial dos autores . Como bem observado na sentença de primeiro grau, o fato de o local ser zona comercial, não autoriza o réu a fazer o barulho que bem entender. O abuso do direito de vizinhança está claro e o dano moral resta caracterizado, pois o direito ao sossego é absoluto, sendo que a perturbação do sossego alheio caracteriza, inclusive, contravenção penal. No tocante ao valor da indenização, reputa-se que bem atendidos os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. 3- Ante o exposto, vota-se pelo desprovimento do recurso, com condenação do recorrente ao pagamento das custas e honorários advocatícios fixados em 10% do valor da condenação. (TJ-SP - RI: 10008596420218260001 SP 1000859-64.2021.8.26 .0001, Relator.: Daniela Claudia Herrera Ximenes, Data de Julgamento: 27/08/2021, 1ª Turma Cível, Data de Publicação: 27/08/2021) Desta forma, estando devidamente comprovado nos autos o uso anormal e lesivo da propriedade por parte da ré, em flagrante violação ao disposto no artigo 1.277 do Código Civil, a procedência do pedido autoral é medida que se impõe, devendo ser determinada a imediata cessação das atividades perturbadoras, sob pena de sanções que garantam a eficácia do provimento jurisdicional. Ante o exposto, e por tudo mais que dos autos consta, com fundamento no artigo 487, inciso I, do Código de Processo Civil, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado na inicial para CONDENAR a ré, ERCILENE BARBOSA DA SILVA, a uma OBRIGAÇÃO DE FAZER e NÃO FAZER, consistente em: a) Abster-se, de forma imediata e permanente, de produzir ou permitir que se produzam em seu estabelecimento comercial, "ERCILENE'S BAR", ruídos, sons ou barulhos que ultrapassem os limites de tolerância estabelecidos pela legislação pertinente e que sejam prejudiciais ao sossego e à saúde da vizinhança, em especial do autor, devendo adequar o volume de quaisquer aparelhos sonoros a níveis que não perturbem a paz local, quais sejam: I – em período diurno (7h às 19h): 70 dB (A); II – em período vespertino (19h às 22h): 60 dB (A); III – em período noturno (22h às 7h): 50 dB, até às 23:59 h, e 45 dB (A), a partir da 0:00 h. b) Adotar, de forma imediata e contínua, todas as providências necessárias para coibir a ocorrência de badernas, algazarras e para manter a limpeza e a ordem na via pública em frente e nas imediações de seu estabelecimento, evitando o acúmulo de lixo, garrafas quebradas e dejetos deixados por seus frequentadores. Para o caso de descumprimento de qualquer uma das obrigações acima impostas, fixo multa cominatória (astreintes) no valor de R$ 300,00 (trezentos reais) por cada ato de descumprimento devidamente comprovado nos autos, limitada, a princípio, ao montante de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), sem prejuízo da apuração de eventual responsabilidade criminal por crime de desobediência (art. 330 do Código Penal). Advirto a ré que o descumprimento reiterado e injustificado desta ordem judicial poderá ensejar a determinação de medidas mais gravosas, inclusive a suspensão do alvará de funcionamento e a interdição do estabelecimento, a serem efetivadas pelos órgãos competentes mediante requisição deste Juízo. Extingo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação em custas processuais e honorários advocatícios, em razão do disposto no artigo 55 da Lei nº 9.099/95. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos com as cautelas de praxe. ESTA SENTENÇA ASSINADA E SUA CÓPIA SUPREM A EXPEDIÇÃO DE EVENTUAIS MANDADOS E OFÍCIOS. Cumpra-se. ALTO PARNAíBA, 18 de junho de 2025 DOUGLAS LIMA DA GUIA Juiz de Direito, respondendo (assinatura eletrônica)".

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Jose Sidney Sorrentino x Pedro Dos Santos Da Silva Filho

ID: 315468088

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: AGRAVO DE PETIçãO Nº Processo: 0072300-14.2001.5.02.0302

Data de Disponibilização: 03/07/2025

Polo Ativo:

JOSE SIDNEY SORRENTINO

Polo Passivo:

PEDRO DOS SANTOS DA SILVA FILHO

Notificação

Advogados:

VANIA FRANCISCO

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JAQUELINE BRITO BARROS DE LUNA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relatora: SIMONE FRITSCHY LOURO AP 0072300-14.2001.5.02.0302 AGRAVANTE: JOSE SIDNEY SORRENTIN… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relatora: SIMONE FRITSCHY LOURO AP 0072300-14.2001.5.02.0302 AGRAVANTE: JOSE SIDNEY SORRENTINO AGRAVADO: PEDRO DOS SANTOS DA SILVA FILHO INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID f80c7e2 proferida nos autos. AP 0072300-14.2001.5.02.0302 - 9ª Turma Recorrente: Advogado(s): 1. PEDRO DOS SANTOS DA SILVA FILHO VANIA FRANCISCO (SP113130) Recorrido: Advogado(s): JOSE SIDNEY SORRENTINO JAQUELINE BRITO BARROS DE LUNA (SP255751) RECURSO DE: PEDRO DOS SANTOS DA SILVA FILHO PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 13/05/2025 - Id f0782be; recurso apresentado em 23/05/2025 - Id 2568999). Regular a representação processual (Id 772a4c6 ). Desnecessário o preparo. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS A análise da admissibilidade do recurso de revista ficará restrita à indicação de ofensa a dispositivo constitucional, nos termos do art. 896, § 2º, da CLT e da Súmula nº 266 do TST. 1.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / LIQUIDAÇÃO / CUMPRIMENTO / EXECUÇÃO (9148) / PENHORA / DEPÓSITO/ AVALIAÇÃO (9163) / IMPENHORABILIDADE (13189) / REMUNERAÇÃO / PROVENTOS / PENSÕES E OUTROS RENDIMENTOS Sustenta que deve ser reformado o acórdão que negou provimento ao pedido de penhora sobre proventos de aposentadoria do executado. Consta do acórdão: "3.1. Impenhorabilidade de proventos de aposentadoria Insurge-se o executado contra a determinação de penhora de 30% sobre o benefício previdenciário por ele percebido. O inconformismo merece acolhida. Inicialmente, ressalto que a discussão quanto a possibilidade de penhora sobre percentual de salários, proventos de aposentadoria e outras fontes de renda previstas no inciso V, do art. 833, § 2º, do CPC/2015, foi objeto do Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas nº 1002917-27.2022.5.02.0000 (Tema 5) deste E. Regional, tendo sido determinada a suspensão dos processos que tratavam da matéria até pronunciamento definitivo do Pleno (Ato GP/VPJ 01/2019). Em sessão realizada em 02/10/2023, o E. Tribunal Pleno julgou prejudicado o Tema 5 de IRDR, ao acolher a preliminar referente à fixação do quórum necessário para aprovação de tese jurídica em Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas, diante da ausência de previsão no Regimento Interno do Tribunal e a consequente extinção sem resolução do mérito e a cessação da suspensão processual determinada. Pois bem. Constata-se que o Magistrado originário determinou a penhora de 30% do benefício previdenciário recebido pelo sócio executado, nos seguintes termos: "Solicite-se ao INSS o bloqueio e transferência, à disposição deste Juízo, para a agência 0925-3, do Banco do Brasil, através de guia de depósito, o equivalente à 30% do valor recebido, mensalmente, até integral quitação do débito exequendo, relativamente à(ao) beneficiária(a) JOSÉ SIDNEY SORRENTINO, CPF: 705.427.758-91, número do benefício 189.336172-9. O descumprimento da ordem implicará em crime de desobediência judicial. Serve o presente como ofício, sendo o valor aproximado da dívida R$ 230.000,00. Registre-se que na ocasião da quitação da última parcela, deverá o Órgão Previdenciário contatar a Secretaria da Vara, por e-mail vtgja02@trt2.jus.br, a fim de obter o valor atualizado do débito remanescente". Contudo, o texto da CLT é omisso quanto às regras processuais que cuidam da impenhorabilidade absoluta de bens, aplicando-se subsidiariamente as regras do Código de Processo Civil de 2015, consoante autorização dos arts. 769 e 883 da CLT: Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título. Art. 889 - Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal. Quanto ao tema, dispõe o art. 833 do CPC: Art. 833. São impenhoráveis: (...) IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º. (...) X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos; (...) § 2º. O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º, e no art. 529, § 3º. (sublinhei). A exceção prevista no § 2º (pagamento de prestação alimentícia) refere-se à espécie do gênero créditos de natureza alimentar. Tanto é assim, que quando quis se referir ao crédito trabalhista, o CPC o fez expressamente, a exemplo do § 3º do mesmo artigo 833: § 3º. Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quanto tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária. (destaquei) O intuito do legislador, ao fixar a impenhorabilidade absoluta de certos bens, é atender à saúde do devedor e de sua família, mantendo incólumes os bens estritamente necessários à sua sobrevivência digna. Assim, resguardou as quantias recebida no mês a título de salário ou benefício previdenciário, destinadas ao sustento do devedor e de sua família. A lei somente autoriza a quebra da regra de intangibilidade absoluta (§ 2º) para garantir o pagamento de pensão alimentícia, por se dirigir ao sustento de dependente do próprio trabalhador/aposentado, destinando-lhe parte da renda, a fim de garantir parcela mínima para sobrevivência. Não se perde de vista que o objetivo da execução é garantir a efetividade do título judicial que reconhece crédito trabalhista, contudo, a satisfação de um credor, mesmo que o trabalhista, encontra limites. Neste sentido, cito jurisprudência do C. TST: "I- AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA - PROVIMENTO. EXECUÇÃO. PENHORA DE SALÁRIO. ILEGALIDADE. ART. 833, IV, DO CPC. INCIDÊNCIA DA COMPREENSÃO DEPOSITADA NA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 153 DA SBDI-2 DO TST. Diante de potencial ofensa ao art. 7º, X, da Constituição Federal, dou provimento ao agravo de instrumento, para determinar o processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento conhecido e provido. II - RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. PENHORA DE SALÁRIO. ILEGALIDADE. ART. 833, IV, DO CPC. INCIDÊNCIA DA COMPREENSÃO DEPOSITADA NA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 153 DA SBDI-2 DO TST. 1. Nos termos do art. 833, IV, do CPC, são impenhoráveis "os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal", salvo para pagamento de prestação alimentícia (§ 2º). 2. Constatada a compatibilidade da regra processual comum com os princípios que orientam o Processo do Trabalho (tanto que editada a Orientação Jurisprudencial nº 153 da SBDI-2 do TST), impõe-se a aplicação subsidiária da norma sob foco. 3. O legislador, ao fixar a impenhorabilidade absoluta, enaltece a proteção ao ser humano, seja em atenção à sobrevivência digna e com saúde do devedor e de sua família, seja sob o foco da segurança e da liberdade no conviver social dos homens (Constituição Federal, arts. 5º, "caput", e 6º). 4. Diante do comando do inciso IV do art. 833 do CPC (inciso IV do art. 649 do CPC/73) e da inteligência da Orientação Jurisprudencial 153/SBDI-2/TST, não se autoriza a penhora de salários ou de proventos de aposentadoria. Recurso de revista conhecido e provido. (destaquei - RR-1923-67.2013.5.02.0085, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 15/10/2021)". Nada obstante, o Pleno do C. TST, em sessão realizada em 24/02/2025, fixou tese jurídica com efeito vinculante sobre a matéria, consoante o Tema 75, a seguir transcrito: Tema 75. Na vigência do Código de Processo Civil de 2015, é válida a penhora dos rendimentos (CPC 833, inciso IV) para satisfação do crédito trabalhista, desde que observado o limite máximo de 50% dos rendimentos líquidos e garantido o recebimento de, pelo menos, um salário mínimo legal pelo devedor. Feitas essas observações, relevante destacar que no caso em exame, após infrutíferas diligências para encontrar bens da executada principal e de seus sócios, foi autorizada a pesquisa junto ao PREVJUD. O Órgão Previdenciário, por sua vez, encaminhou ofício informando que o agravante percebe proventos de aposentadoria no montante de R$ 5.725,42, oportunidade em que o Magistrado originário deferiu a penhora de 30% sobre os importes por ele recebidos. Nesse contexto, muito embora curvar-me ao entendimento do Tema n. 75 do C. TST, entendo que, considerando o valor percebido pelo sócio-executado, bem como suas despesas regulares (imposto de renda retido na fonte, empréstimo consignado, contas de água, luz, telefone e medicamentos de uso contínuo, dentre outras), conforme documentos carreados sob a id 8c3c21a (fls. 795/803 do pdf), a penhora sobre seus proventos de aposentadoria comprometeria sua subsistência básica, pois o valor remanescente não atingiria o patamar mínimo civilizatório. Por todo o exposto, provejo o agravo de petição interposto pelo sócio executado, para determinar o desbloqueio dos valores provenientes dos proventos de aposentadoria por ele percebidos." O Tribunal Superior do Trabalho firmou o entendimento de que, a partir da vigência do diploma processual civil de 2015, é válida a penhora parcial sobre salários, vencimentos e proventos de aposentadoria, desde que observado o limite de 50% (cinquenta por cento) previsto no § 3º do art. 529 do CPC (Tema Repetitivo nº 75). Consoante jurisprudência da Corte Superior, não é possível a penhora sobre valores equivalentes ao salário mínimo, sob pena de prejudicar a própria subsistência do executado, o que atenta contra o princípio da dignidade da pessoa humana, insculpido no art. 1º, III, da Constituição Federal (ROT-102255-23.2019.5.01.0000, SBDI-2, Relator Ministro Luiz Jose Dezena da Silva, DEJT 19/8/2022; ROT-640-76.2019.5.05.0000, SBDI-2, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 10/6/2022; ROT-26-62.2021.5.10.0000, SBDI-2, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT DEJT 25/03/2022; RO-301-20.2019.5.05.0000, SBDI-2, Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 14/05/2021; RO-1002653-49.2018.5.02.0000, SBDI-2, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao Lopes, DEJT 02/10/2020). Esse, contudo, não é o caso dos autos, pois registra o v. acórdão que o recorrido recebe proventos de aposentadoria do INSS no valor de R$ 5.725,42, valor que supera 3,77 vezes o valor do salário mínimo legal. Pelo exposto, prudente o seguimento do apelo, pois demonstrada possível ofensa ao art. 100, §1º, da Constituição Federal. Nesse sentido: "[...] RECURSO DE REVISTA DO EXEQUENTE. PENHORA SOBRE SALÁRIOS. POSSIBILIDADE. DETERMINAÇÃO DE QUE SEJA ASSEGURADO, LIVRE DE PENHORA, VALOR QUE ASSEGURE A MANUTENÇÃO DA SUBSISTÊNCIA DO EXECUTADO (UM SALÁRIO MÍNIMO). TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA. 1. Decisão do Tribunal Regional que indeferiu a penhora por entender que o valor recebido pela parte executada é inferior a R$ 6.394,76, valor necessário para ter uma vida digna no Brasil, segundo estudos científicos do DIEESE. 2. A jurisprudência desta Corte superior se consolidou no sentido da aplicabilidade da exceção do § 2º do art. 833 do CPC/2015 ao crédito trabalhista, sendo, portanto possível a penhora das verbas indicadas no inciso IV do mesmo artigo (vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões), observado o limite previsto no artigo 529, § 3º, do CPC e as mínimas condições de subsistência (um salário mínimo definido por lei). 3. Na hipótese, o salário percebido pela parte executada é superior ao salário mínimo e comporta a constrição. Recurso de revista conhecido e provido" (Ag-RR-2646-07.2011.5.02.0037, 1ª Turma, Relator Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 25/03/2024). RECEBO o recurso de revista. CONCLUSÃO RECEBO o recurso de revista. Intimem-se, dando vista à parte contrária para apresentação de contrarrazões. /thc SAO PAULO/SP, 02 de julho de 2025. WILSON FERNANDES Desembargador Vice-Presidente Judicial - em exercício Intimado(s) / Citado(s) - JOSE SIDNEY SORRENTINO

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Jose Sidney Sorrentino x Pedro Dos Santos Da Silva Filho

ID: 315468101

Tribunal: TRT2 Órgão: Vice-Presidência Judicial Classe: AGRAVO DE PETIçãO Nº Processo: 0072300-14.2001.5.02.0302

Data de Disponibilização: 03/07/2025

Polo Ativo:

JOSE SIDNEY SORRENTINO

Polo Passivo:

PEDRO DOS SANTOS DA SILVA FILHO

Notificação

Advogados:

VANIA FRANCISCO

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JAQUELINE BRITO BARROS DE LUNA

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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relatora: SIMONE FRITSCHY LOURO AP 0072300-14.2001.5.02.0302 AGRAVANTE: JOSE SIDNEY SORRENTIN… PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO ANÁLISE DE RECURSOS Relatora: SIMONE FRITSCHY LOURO AP 0072300-14.2001.5.02.0302 AGRAVANTE: JOSE SIDNEY SORRENTINO AGRAVADO: PEDRO DOS SANTOS DA SILVA FILHO INTIMAÇÃO Fica V. Sa. intimado para tomar ciência da Decisão ID f80c7e2 proferida nos autos. AP 0072300-14.2001.5.02.0302 - 9ª Turma Recorrente: Advogado(s): 1. PEDRO DOS SANTOS DA SILVA FILHO VANIA FRANCISCO (SP113130) Recorrido: Advogado(s): JOSE SIDNEY SORRENTINO JAQUELINE BRITO BARROS DE LUNA (SP255751) RECURSO DE: PEDRO DOS SANTOS DA SILVA FILHO PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS Recurso tempestivo (decisão publicada em 13/05/2025 - Id f0782be; recurso apresentado em 23/05/2025 - Id 2568999). Regular a representação processual (Id 772a4c6 ). Desnecessário o preparo. PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS A análise da admissibilidade do recurso de revista ficará restrita à indicação de ofensa a dispositivo constitucional, nos termos do art. 896, § 2º, da CLT e da Súmula nº 266 do TST. 1.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / LIQUIDAÇÃO / CUMPRIMENTO / EXECUÇÃO (9148) / PENHORA / DEPÓSITO/ AVALIAÇÃO (9163) / IMPENHORABILIDADE (13189) / REMUNERAÇÃO / PROVENTOS / PENSÕES E OUTROS RENDIMENTOS Sustenta que deve ser reformado o acórdão que negou provimento ao pedido de penhora sobre proventos de aposentadoria do executado. Consta do acórdão: "3.1. Impenhorabilidade de proventos de aposentadoria Insurge-se o executado contra a determinação de penhora de 30% sobre o benefício previdenciário por ele percebido. O inconformismo merece acolhida. Inicialmente, ressalto que a discussão quanto a possibilidade de penhora sobre percentual de salários, proventos de aposentadoria e outras fontes de renda previstas no inciso V, do art. 833, § 2º, do CPC/2015, foi objeto do Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas nº 1002917-27.2022.5.02.0000 (Tema 5) deste E. Regional, tendo sido determinada a suspensão dos processos que tratavam da matéria até pronunciamento definitivo do Pleno (Ato GP/VPJ 01/2019). Em sessão realizada em 02/10/2023, o E. Tribunal Pleno julgou prejudicado o Tema 5 de IRDR, ao acolher a preliminar referente à fixação do quórum necessário para aprovação de tese jurídica em Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas, diante da ausência de previsão no Regimento Interno do Tribunal e a consequente extinção sem resolução do mérito e a cessação da suspensão processual determinada. Pois bem. Constata-se que o Magistrado originário determinou a penhora de 30% do benefício previdenciário recebido pelo sócio executado, nos seguintes termos: "Solicite-se ao INSS o bloqueio e transferência, à disposição deste Juízo, para a agência 0925-3, do Banco do Brasil, através de guia de depósito, o equivalente à 30% do valor recebido, mensalmente, até integral quitação do débito exequendo, relativamente à(ao) beneficiária(a) JOSÉ SIDNEY SORRENTINO, CPF: 705.427.758-91, número do benefício 189.336172-9. O descumprimento da ordem implicará em crime de desobediência judicial. Serve o presente como ofício, sendo o valor aproximado da dívida R$ 230.000,00. Registre-se que na ocasião da quitação da última parcela, deverá o Órgão Previdenciário contatar a Secretaria da Vara, por e-mail vtgja02@trt2.jus.br, a fim de obter o valor atualizado do débito remanescente". Contudo, o texto da CLT é omisso quanto às regras processuais que cuidam da impenhorabilidade absoluta de bens, aplicando-se subsidiariamente as regras do Código de Processo Civil de 2015, consoante autorização dos arts. 769 e 883 da CLT: Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título. Art. 889 - Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal. Quanto ao tema, dispõe o art. 833 do CPC: Art. 833. São impenhoráveis: (...) IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º. (...) X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos; (...) § 2º. O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º, e no art. 529, § 3º. (sublinhei). A exceção prevista no § 2º (pagamento de prestação alimentícia) refere-se à espécie do gênero créditos de natureza alimentar. Tanto é assim, que quando quis se referir ao crédito trabalhista, o CPC o fez expressamente, a exemplo do § 3º do mesmo artigo 833: § 3º. Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quanto tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária. (destaquei) O intuito do legislador, ao fixar a impenhorabilidade absoluta de certos bens, é atender à saúde do devedor e de sua família, mantendo incólumes os bens estritamente necessários à sua sobrevivência digna. Assim, resguardou as quantias recebida no mês a título de salário ou benefício previdenciário, destinadas ao sustento do devedor e de sua família. A lei somente autoriza a quebra da regra de intangibilidade absoluta (§ 2º) para garantir o pagamento de pensão alimentícia, por se dirigir ao sustento de dependente do próprio trabalhador/aposentado, destinando-lhe parte da renda, a fim de garantir parcela mínima para sobrevivência. Não se perde de vista que o objetivo da execução é garantir a efetividade do título judicial que reconhece crédito trabalhista, contudo, a satisfação de um credor, mesmo que o trabalhista, encontra limites. Neste sentido, cito jurisprudência do C. TST: "I- AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA - PROVIMENTO. EXECUÇÃO. PENHORA DE SALÁRIO. ILEGALIDADE. ART. 833, IV, DO CPC. INCIDÊNCIA DA COMPREENSÃO DEPOSITADA NA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 153 DA SBDI-2 DO TST. Diante de potencial ofensa ao art. 7º, X, da Constituição Federal, dou provimento ao agravo de instrumento, para determinar o processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento conhecido e provido. II - RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. PENHORA DE SALÁRIO. ILEGALIDADE. ART. 833, IV, DO CPC. INCIDÊNCIA DA COMPREENSÃO DEPOSITADA NA ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 153 DA SBDI-2 DO TST. 1. Nos termos do art. 833, IV, do CPC, são impenhoráveis "os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal", salvo para pagamento de prestação alimentícia (§ 2º). 2. Constatada a compatibilidade da regra processual comum com os princípios que orientam o Processo do Trabalho (tanto que editada a Orientação Jurisprudencial nº 153 da SBDI-2 do TST), impõe-se a aplicação subsidiária da norma sob foco. 3. O legislador, ao fixar a impenhorabilidade absoluta, enaltece a proteção ao ser humano, seja em atenção à sobrevivência digna e com saúde do devedor e de sua família, seja sob o foco da segurança e da liberdade no conviver social dos homens (Constituição Federal, arts. 5º, "caput", e 6º). 4. Diante do comando do inciso IV do art. 833 do CPC (inciso IV do art. 649 do CPC/73) e da inteligência da Orientação Jurisprudencial 153/SBDI-2/TST, não se autoriza a penhora de salários ou de proventos de aposentadoria. Recurso de revista conhecido e provido. (destaquei - RR-1923-67.2013.5.02.0085, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 15/10/2021)". Nada obstante, o Pleno do C. TST, em sessão realizada em 24/02/2025, fixou tese jurídica com efeito vinculante sobre a matéria, consoante o Tema 75, a seguir transcrito: Tema 75. Na vigência do Código de Processo Civil de 2015, é válida a penhora dos rendimentos (CPC 833, inciso IV) para satisfação do crédito trabalhista, desde que observado o limite máximo de 50% dos rendimentos líquidos e garantido o recebimento de, pelo menos, um salário mínimo legal pelo devedor. Feitas essas observações, relevante destacar que no caso em exame, após infrutíferas diligências para encontrar bens da executada principal e de seus sócios, foi autorizada a pesquisa junto ao PREVJUD. O Órgão Previdenciário, por sua vez, encaminhou ofício informando que o agravante percebe proventos de aposentadoria no montante de R$ 5.725,42, oportunidade em que o Magistrado originário deferiu a penhora de 30% sobre os importes por ele recebidos. Nesse contexto, muito embora curvar-me ao entendimento do Tema n. 75 do C. TST, entendo que, considerando o valor percebido pelo sócio-executado, bem como suas despesas regulares (imposto de renda retido na fonte, empréstimo consignado, contas de água, luz, telefone e medicamentos de uso contínuo, dentre outras), conforme documentos carreados sob a id 8c3c21a (fls. 795/803 do pdf), a penhora sobre seus proventos de aposentadoria comprometeria sua subsistência básica, pois o valor remanescente não atingiria o patamar mínimo civilizatório. Por todo o exposto, provejo o agravo de petição interposto pelo sócio executado, para determinar o desbloqueio dos valores provenientes dos proventos de aposentadoria por ele percebidos." O Tribunal Superior do Trabalho firmou o entendimento de que, a partir da vigência do diploma processual civil de 2015, é válida a penhora parcial sobre salários, vencimentos e proventos de aposentadoria, desde que observado o limite de 50% (cinquenta por cento) previsto no § 3º do art. 529 do CPC (Tema Repetitivo nº 75). Consoante jurisprudência da Corte Superior, não é possível a penhora sobre valores equivalentes ao salário mínimo, sob pena de prejudicar a própria subsistência do executado, o que atenta contra o princípio da dignidade da pessoa humana, insculpido no art. 1º, III, da Constituição Federal (ROT-102255-23.2019.5.01.0000, SBDI-2, Relator Ministro Luiz Jose Dezena da Silva, DEJT 19/8/2022; ROT-640-76.2019.5.05.0000, SBDI-2, Relatora Ministra Morgana de Almeida Richa, DEJT 10/6/2022; ROT-26-62.2021.5.10.0000, SBDI-2, Relator Ministro Alberto Bastos Balazeiro, DEJT DEJT 25/03/2022; RO-301-20.2019.5.05.0000, SBDI-2, Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 14/05/2021; RO-1002653-49.2018.5.02.0000, SBDI-2, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao Lopes, DEJT 02/10/2020). Esse, contudo, não é o caso dos autos, pois registra o v. acórdão que o recorrido recebe proventos de aposentadoria do INSS no valor de R$ 5.725,42, valor que supera 3,77 vezes o valor do salário mínimo legal. Pelo exposto, prudente o seguimento do apelo, pois demonstrada possível ofensa ao art. 100, §1º, da Constituição Federal. Nesse sentido: "[...] RECURSO DE REVISTA DO EXEQUENTE. PENHORA SOBRE SALÁRIOS. POSSIBILIDADE. DETERMINAÇÃO DE QUE SEJA ASSEGURADO, LIVRE DE PENHORA, VALOR QUE ASSEGURE A MANUTENÇÃO DA SUBSISTÊNCIA DO EXECUTADO (UM SALÁRIO MÍNIMO). TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA. 1. Decisão do Tribunal Regional que indeferiu a penhora por entender que o valor recebido pela parte executada é inferior a R$ 6.394,76, valor necessário para ter uma vida digna no Brasil, segundo estudos científicos do DIEESE. 2. A jurisprudência desta Corte superior se consolidou no sentido da aplicabilidade da exceção do § 2º do art. 833 do CPC/2015 ao crédito trabalhista, sendo, portanto possível a penhora das verbas indicadas no inciso IV do mesmo artigo (vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões), observado o limite previsto no artigo 529, § 3º, do CPC e as mínimas condições de subsistência (um salário mínimo definido por lei). 3. Na hipótese, o salário percebido pela parte executada é superior ao salário mínimo e comporta a constrição. Recurso de revista conhecido e provido" (Ag-RR-2646-07.2011.5.02.0037, 1ª Turma, Relator Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 25/03/2024). RECEBO o recurso de revista. CONCLUSÃO RECEBO o recurso de revista. Intimem-se, dando vista à parte contrária para apresentação de contrarrazões. /thc SAO PAULO/SP, 02 de julho de 2025. WILSON FERNANDES Desembargador Vice-Presidente Judicial - em exercício Intimado(s) / Citado(s) - PEDRO DOS SANTOS DA SILVA FILHO

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